Recent Posts

28.3.08

And Now for Something Completely...




Longe de mim querer envolver-me em polémicas, ainda por cima sobre um assunto com barbas como a teoria dos ‘Auteurs’. Mas por ser com o Tiago, vou-me explanar mais um bocadinho. Basicamente o que o inventor da malfadada 'política dos autores', Truffaut nem mais nem menos, disse - penso eu - foi que um filme é do realizador, mais do que do argumentista, do produtor ou das stars. Pelo menos é assim com os filmes e com os realizadores que valem a pena. Para mim é isto a teoria dos autores.

Rivette foi ainda mais longe e disse que o verdadeiro autor nem uma linha do argumento escreve (vide Hawks e Hitchcock) e Godard também terá dito que não precisava de argumentos para nada.
Naturalmente nunca faltaram detractores a teoria tão extravagante. Pauline Kael, por exemplo, parece que não gostava lá muito disto e tentou mesmo provar que o génio de ‘Citizen Kane’ se devia a Herman Mankiewicz, o argumentista, e não a Orson Welles.

Já eu concordo com Truffaut em quase tudo, e por isso para mim há autores, ou seja, realizadores cuja personalidade, cujo estilo (que inclui a mise en scène mas não só), são só seus e que criam um universo muito próprio, único e rico. E que um filme menor de um destes autores, vale mais a pena do que a obra-prima de um tarefeiro. A coerência é um corolário do atrás exposto, não mais. Stalone tem um universo coerente (é só filmes de porrada) e Edward D. Wood Jr. então nem se fala.

Quanto ao cinema mainstream não sei o que seja. Se alguma dualidade eu expressei, foi entre autores e não autores. O maior de todos os autores, na minha modesta opinião, foi Hitchcock que era (e é) popularíssimo, e nunca teve outro objectivo que não fazer filmes para o maior número de espectadores possível.

E pronto. Estas ‘polémicas’ parecem-me coisas de meninos a brincar aos críticos de cinema 'sérios', por isso peço desculpa pela insistência. Não gosto de ser mal interpretado, embora não me desagrade totalmente que as minhas ‘bestialidades tão inigualáveis’ provoquem o desejo de um blogger pacato como o Tiago se tornar uma personagem de Takeshi Miike (que apesar de fazer maioritariamente filmes para o sub-mercado dos clubes de vídeo é um autor, já agora).

3 comments:

Capitão Napalm said...

As "bestialidades tão inigualáveis" não eram dirigidas a ti, tão pouco os artefactos de serralharia. Tenho de ser mais explícito, parece-me. Já agora, qual o problema de uma "polémica", mesmo que seja "a brincar aos críticos de cinema"? A blogosfeira cinéfila anda tão mortiça...Já agora, recebo de bom agrado o elogio sobre a personagem do Takashi Miike, um autor, claro. Tal como o John Badham.

Unknown said...

Agora é que me lixaste com o John Badham... Vou ter que ver os filmes dele? É que assim de repente não me lembro de nenhum.
(é esse o mal das polémicas: uma pessoa tem que se preparar, dá trabalho, temos que arranjar capacidade de indignação e tal.)

Luís A. said...

eu ajudo-te:)
alguns filmes de john badham: Blue Thunder, War Games, Bird in a Wire...