Recent Posts

22.10.07

As canções de amor



É o próprio realizador quem o diz: este filme é uma espécie de primo do anterior, 'Em Paris'. Temos novamente Louis Garrel, numa personagem que podia ser a do filme precedente, aquele estouvado irmão mais novo de Romain Duris, que o tentava animar com a sua alegria de viver contagiante. Aqui ele encontra-se metido numa ménage a trois, continua algo destrambelhado, alegre, a encher o écran, até que o trio é tragicamente desfeito e ele tem que lidar com esse luto.
As cores de Paris, que desta vez não está no título mas continua muito presente, são agora cinzentas, ventosas, estamos no outono. Ismael/Garrel segue em frente, mas vai-se um bocadinho da sua espontânea e despreocupada maneira de ser.
E, já toda a gente sabe, neste filme canta-se. É mesmo um musical, à maneira de Demy, e mais uma vez o próprio Honoré cauciona esta referência, bem como as outras, óbvias, os realizadores da Nouvelle Vague, muito especialmente Truffaut que é recorrentemente citado. E diga-se que todos os momentos musicais, com assinatura de Alex Beaupain (que tem direito ao nome no genérico a seguir ao produtor e ao realizador) são magníficos. Por mim, só é pena não serem mais. No resto, parece-me que o filme fraqueja um bocadinho em relação a 'Em Paris' (que começava muito mal, mas acabava por nos conquistar totalmente), é mais descosido, tem alguns momentos mortos, fica uma sensação que se poderia ter elevado ainda mais.
Mas gostei muito, mesmo assim, e é impossível não ficarmos agarrados à personagem de Louis Garrel. E não era uma boa ideia que Honoré lhe desse continuidade, que criasse o seu próprio Antoine Doinel?
Les Chansons d`Amour, França, 2007. Realização: Christophe Honoré. Com: Chiara Mastroianni, Louis Garrel, Ludivine Sagnier, Clotilde Hesme, Brigitte Roüan.

5 comments:

C. said...

Que raio, só leio elogios por todo o lado ;)

Tive pena de não ter conseguido ir à anteestreia, mas já prometi a mim própria que desta semana não passa!

Unknown said...

não é uma obra-prima, mas como não gostar de um filme tão cinéfilo?

Juom said...

Pois, é um dos filmes mais belos do ano, e é impossível não gostar desta pérola :-)

O Puto said...

Gostei muito deste filme. Até nos faz encarar o luto de forma melancólica e não depressiva. As canções e os personagens são uma delícia. Viva Paris!

Anonymous said...

Gracias por colocar la fotografía del gran Don Luis Buñuel