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10.5.08

Jean Seberg - 3/3

Entretanto em 1962 casara-se com o escritor e vencedor do Prémio Goncour, Romand Gary. Divorciar-se-iam em 1970, depois de uma relação tempestuosa, mas ficariam amigos para a vida. Se a irregularidade profissional e uma vida de apátrida entre a França e os Estados Unidos nunca a fizeram totalmente feliz, a sua vida pessoal começou a ficar cada vez mais complicada devido às suas actividades políticas que nunca abandonara. O seu envolvimento com o movimento negro radical Black Panther pô-la definitivamente na lista negra (passe a ironia) do FBI e tornou-se um alvo pessoal do sinistro Edgar G.Hoover. Tanto ou mais do que o apoio, inclusivamente financeiro, que ela dava ao movimento, o que mais chocava o hiper-conservador e sectário director do FBI era o facto de uma branca, actriz e estrela internacional ainda por cima, ‘andar metida’ com pretos. Quando Seberg ficou grávida em 1970, o FBI inventou o boato, rapidamente propagado pela imprensa, de que o pai da criança seria Raymond Hewt, um líder dos Black Panther. Por esta altura já Seberg andava paranóica – e com razão, pois era controlada ao segundo pelo FBI – e o facto de tomar overdoses de comprimidos para dormir durante a gravidez terá contribuído para que dois dias após o nascimento, a sua filha (branca, como ela mostrou numa conferência de imprensa...) tenha falecido.

Em 1972 casou-se com o realizador Dennis Berry (que após a sua morte se casaria com... Anna Karina!) e, para desgosto de muitos dos seus próximos, juntar-se-ia depois com o playboy argelino Ahmed Hasni, que rapidamente trataria de vender o apartamento de 11 milhões de francos de Seberg para abrir um restaurante em Espanha. O projecto gorou-se quando Seberg fugiu de volta para Paris, dizendo temer o amante.

Voltar-se-iam a juntar, no entanto, e foi ele quem deu participação do desaparecimento de Jean Seberg à polícia francesa no dia 28 de Agosto de 1979, sendo o seu corpo encontrado apenas 11 dias depois no interior do seu carro, num subúrbio parisiense, com um frasco de barbitúricos na mão e quase 8 gramas de taxa de álcool no sangue. O veredicto foi suicídio, mas até hoje nunca foi cabalmente esclarecida a sua morte. Numa conferência de imprensa Romain Gary denunciou a obsessiva perseguição que o FBI lhe fizera e houve quem fosse mais longe a associar o Bureau ao seu suposto suicídio, mas nunca nada foi provado. De igual modo Romain Gary e Dennis Berry chegaram a apresentar queixa contra Ahmed Hasni, e acabou mesmo por se constatar que este lhe tinha roubado dinheiro e valores, mas nunca se provou o seu envolvimento na morte da actriz.

Jean Seberg tinha 40 anos e os seus últimos filmes mostram uma mulher prematuramente envelhecida. Foi sepultada no Cemitério de Montparnasse, numa cerimónia que contou com a presença de Gary (que se suicidaria um ano mais tarde), Berry e personalidades como Sartre e Beauvoir, mas sem um único membro da sua família do Iwoa que nunca soubera lidar com a filha rebelde.

'Ela queria mudar o mundo sozinha', diz um velho parente no final do documentário. E uma conterrânea de Marshalltown acrescenta: 'Seberg fugiu de uma vida onde não poderia ser feliz, para uma vida onde dificilmente o poderia ser'.

3 comments:

Menina Limão said...

Fiquei roída de inveja. Agora gostava eu de ver o documentário.

Viste um que deu há uns dois meses na 2 sobre o Cristopher Doyle? O tipo é cá uma personagem.

Unknown said...

Não, não vi. Como nunca vejo televisão nunca sei o que passa...
Soube do da Seberg por mero acaso :|

Menina Limão said...

Pois, comigo acontece-me o mesmo. Eu vi o do Doyle porque me avisaram.