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8.10.10

Daybreakers — O Último Vampiro


Estamos em 2019, os vampiros são a maioria da população da terra e deparam-se com um problema vital: a escassez de sangue. Os humanos, a principal fonte de sangue, estão reduzidos a uns milhares de pessoas que se escondem como podem dos exércitos de vampiros caçadores. Há racionalização de sangue (só 5% numa chávena de café, por exemplo), nas ruas as pessoas (perdão, os vampiros, que agora são os 'normais')  começam a amotinar-se e há vampiros que não resistem a alimentar-se do sangue de outros vampiros, o que os torna numa espécie de morcegos zombies que atacam tudo e todos semeando o pânico nas populações. Entretanto, as grandes corporações fornecedoras de sangue – mormente a Bromley Marks chefiada por Sam Neil - tentam sintetizar um sangue substituto que resolva o problema…

Este argumento – que parte de uma grande ideia, mesmo sem forçarmos analogias do género sangue/petróleo – prova que é possível fazer filmes de vampiros que vão para lá de amores adolescentes ao crepúsculo (tal como ‘30 dias de escuridão’ era outro bom exemplo de uma grande ideia).

Mas, infelizmente, não é bem desenvolvido. Não obstante uma bela fotografia estilizada, a fazer lembrar uma graphic novel, um sólido naipe de actores principais (Ethan Hawke, Willem Dafoe, Sam Neil; os secundários australianos, sinceramente, pareceram-me pouco convincentes), e um par de bons pormenores (os carros com modo de condução diurna; os vampiros sempre a fumar - afinal são imortais...), o filme rapidamente se torna previsível e as personagens não ganham espessura, raramente ultrapassando o cliché. Se Ethan Hawke ainda defende bem o seu hematologista com problemas de consciência, a personagem do seu irmão (Michael Dorman), um soldado caçador de humanos, pouco mais é que papelão reciclado e nunca a (pretensamente) complexa relação entre os dois é convincente. Tal como não o é a relação de Sam Neil com a sua filha foragida (ainda humana). Ou a de Hawke com a líder rebelde dos humanos (Claudia Karvan). Tudo fica pela rama e é pena.

Por várias vezes os frios tons metálicos e azuis com que é filmada a Bromley Marks me fez lembrar os ambientes de 'Gattaca', com o mesmo Ethan Hawke, que era aquilo que este 'Daybreakers' poderia facilmente ser mas não consegue: um bom sci-fi de culto. Assim permanece apenas um filme com um certo interesse para fãs de fantástico, que apesar de tudo ficarão com um olho nos irmãos Michael e Peter Spierig, os australianos que o escreveram e realizaram.

Daybreakers, Austrália/E.U.A., 2009. Realização: The Spierig Brothers. Com: Ethan Hawke, Willem Dafoe, Sam Neill, Claudia Karvan, Michael Dorman, Isabel Lucas.

4 comments:

pseudo-autor said...

Um dos poucos filmes desse universo vampiresco atual que chamou minha atenção. Gostei muito do resultado final (e muito disso se deve a presença de Ethan Hawke e Willem Dafoe no elenco).

Cultura na web:
http://culturaexmachina.blogspot.com

Unknown said...

Também acho que o filme deve bastante ao Ethan Hawke.

Mc Ako said...

apetece um top ten de filmes de vampiros e então cá vai:
10 - near dark
9 - shadow of the vampire
8 - near dark
7 - from dusk till dawn
6 - innocent blood
5 - dracula (browning)
4 - john carpenter's vampires
3 - bram stroker's dracula
2 - nosferatu the vapire (herzog)
1 - nosferatu (murnau)

ainda não vi o das vampiras lésbicas

Unknown said...

Nunca vi o near dark (que aparece em 8º e em 10º) nem o innocent blood e não gostei do shadow of the vampire. De resto estamos de acordo, como não!