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18.11.10

Cópia certificada


Pode uma cópia ser superior ao original? E pode uma relação ser hoje o que foi há 15 anos? E pode um casal recriar o que se passou então?

‘Cópia certificada’ começa como uma reflexão sobre a arte (o seu protagonista defende as cópias como forma de arte), mas às tantas já se transformou na discussão de um casal acerca do seu casamento. E nós nem demos bem conta dessa passagem. E de repente já fomos confundidos sobre o que é verdadeiro neste filme. É o casal da 'primeira metade' ou da 'segunda'? Se é que se pode falar de 'verdade' quando estamos a falar de um filme, claro.

Este é o primeiro filme de Kiarostami feito fora do Irão (passa-se na Toscânia), com actores ocidentais (os extraordinários William Shimell (*) e Juliette Binoche), mas, está bem de ver, é até à medula um filme do realizador de ‘Close Up’ (filme em que, recordemos, um impostor que na vida real se fazia passar pelo realizador Mohsen Makhmalbaf, faz de si próprio na reprodução dessa fraude...).

'Cópia certificada' começa por nos provocar um sorriso (uma 'conferência' sobre arte, uma bela mulher a admirar o conferencista), depois parece que emperra (é certamente o filme mais palavroso de Kiarostami), a seguir baralha e torna  a dar e, no final, o resultado é o mesmo de sempre com Kiarostami: saímos fascinados.

(*) Ignorância minha: não é actor 'profissional', mas sim um reputado barítono.

Copie Conforme, E.U.A., 2010. Realização: Abbas Kiarostami. Com: Juliette Binoche, William Shimell, Jean-Claude Carrière, Agathe Natanson, Gianna Giachetti.

9 comments:

Álvaro Martins said...

Irei vê-lo nos próximos dias ;)

Unknown said...

Vale a pena, vale a pena.

André Moura e Cunha said...

Inelutavelmente terei de esperar pela edição em DVD. Começa a ser desesperante este centralismo (sorvedouro cultural) luso. Não está por cá e em mais nenhuma parte do país. Bem dizia o outro: Lisboa é Portugal... (com ou sem cimeira da NATO e telejornais que dedicam mais de meia hora do seu tempo aos transtornos dos lisboetas.)
Enfim, pelo que vou sentindo aqui por cima, isto qualquer dia estoura. É a História a repetir-se: o tal que bateu na mãe (…) até às revoltas liberais, o 31 de Janeiro, a recepção esmagadora e sem medo ao Humberto Delgado, o impedimento da estalinização do país que esteve mesmo por um triz.
Abraço,
A.

Unknown said...

He he. Mantém-te calmo :)

Álvaro Martins said...

AMC, faz como eu, saca :) este já há umas semanas que o tenho. Tens é de esperar uns tempinhos que alguém faça legendas eheh

André Moura e Cunha said...

Obrigado, Álvaro.
Processo em curso. Menos dinheiro para as distribuidoras geoselectivas. E quem perde são os produtores...
Pelas minhas investigações, já há legendas em pt_br. Legal [legau] :)

Álvaro Martins said...

Já há já :)

O Puto said...

Outro filme muito bom sobre esta questão de original/cópia é o "F For Fake", do Orson Welles.

Anonymous said...

Muito bom. Vi hoje, no Porto, no Teatro do Campo Alegre. A não perder. Mesmo.