Recent Posts

16.5.11

Pina


"Teria abandonado tudo o que estivesse a fazer para fazer este filme. Era algo que eu queria mais do que qualquer outro projecto desde meados dos anos 80. Mas não sabia como. Havia algo de tão mágico no trabalho de Pina que eu sabia que as câmaras não seriam capazes de o capturar. Havia algo que acontecia em cada representação... algo que sentíamos no nosso próprio corpo e que dificilmente se podia traduzir em filme. Eu não podia dizer que iria filmá-la melhor do que qualquer normalíssimo registo filmado de uma peça. Não era suficiente".

Wim Wenders assume nesta entrevista ao ipsilon que queria fazer mais do que um"registo filmado" das peças de Pina Bausch, mas não sabia como. Até que achou que a solução estava nas novas tecnologias 3D e foi para a fente, apesar de Pina ter falecido em 2009.

Filmou então (quer em palco, quer em ruas ou jardins) 4 peças escolhidas pela coreógrafa, "Café Müller" (1978), "Vollmond" (2006), "Kontakthof" (1978) e "Le Sacre du Printemps" (1975) e acrescentou pouco mais: "aguns dos bailarinos dizem coisas e partilham algumas memórias, mas", segundo Wenders, "podemos ver o filme sem elas": "Não trazem explicação, apenas textura".

Conseguiu Wenders mais do que o tal "registo filmado" das peças? Eu acho que nem por isso. Mas acho que vale a pena ver o filme na mesma. Na impossibilidade de assistir ao vivo a uma peça do Tanztheater, isto é o mais perto possível que podemos estar dessa experiência, e há momentos de grande intensidade - e, acrescente-se, é um dos raros filmes em que o 3D é efectivamente uma mais valia. Não me parece que seja um grande filme (compare-se com o filme de Wiseman sobre o Ballet de l'Ópera de Paris e veja-se como se pode ir mais longe), mas é uma maneira honesta e delicada para descobrir ou rever o trabalho de Pina Bausch.

Pina, Alemanha/França/Grã-Bretanha, 2011. Realização: Wim Wenders. Documentário.

0 comments: