Largar o vício do cinema mas sem ressaca, com a ajuda do especialista do Duelo ao Sol que patrocina amavelmente esta reabilitação, e que corre o risco mais do que certo de uma quebra do rigor e da qualidade habitual deste blog, é o que esta série de críticas a 100 filmes se propõe. 100 filmes que não são os filmes da vida, principalmente porque ainda não os vi, mas como o livro "Como falar dos filmes que não viu" ainda não foi escrito, vou ter que os espreitar antes de voltar a ser a pessoa normal que aplaudiu de pé no cine-teatro da Régua a cena do Rocky IV, em que Sylvester Stallone enfia duas galhetas no Russo. Começo com um filme que passou no crivo apertado do critério: "Vai-se lá saber porquê que seleccionei isto":
"Era uma Vez um Rapaz", é um romance de sucesso de Nick Hornby (o mesmo que escreveu Alta Fidelidade, Uma outra educação, 31 Canções - que comprei numa feira do livro por 2 euros e que descreve canções que o marcaram, mas que nunca li porque para ficarem com uma ideia, tem lá músicas como "Samba Pa Ti" do Santana, "Mamma you been On My Mind" do Rod Stewart ou "I'm Like a Bird" da Nelly Furtado, está certo que também tem lá músicas do Bob Dylan ou do Rufus Wainwright e é por isso que ainda o guardo na estante para impressionar alguma neo hippie jeitosa que um dia destes aterre aqui em casa. Também escreveu um outro livro sobre os jogos do Arsenal a que assistia com o pai - este deve ser bom.
O filme é com Hugh Grant a fazer mais uma vez o papel de Hugh Grant: olhos tristes, egocêntricoo, imaturo e desligado, que se cruza com um miúdo, filho desajustado de uma neo hippie jeitosa (Tony Collette - aí está a razão pela qual convém ter o 31 Canções na estante). O miúdo vítima de bullying e da mãe carinhosa mas destrambelhada encontra no personagem de Hugh Grant uma figura paternal desajeitada mas com um bom coração lá no fundo (bem lá no fundo). O personagem de Hugh Grant encontra no miúdo um meio para se fazer passar por pai solteiro e conhecer mães solteiras que ainda joguem com o baralho completo (para desgosto do miúdo). No final, o personagem de Hugh Grant é libertado de uma vida vazia, de ócio, prazer e sexo furtuito para se entregar a uma vida de compromisso, partilha e consciência social. Este twist final desloca o filme da prateleira das comédias competentes com happy endings e coloca-o ao nível do Shining.
About A Boy, U.K., 2002. Realização: Chris Weitz, Paul Weitz. Com: Hugh Grant, Nicholas Hoult, Toni Collette.
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4 comments:
Acho que agora não se diz miuda 'neo hippie' mas sim miuda 'músicas do mundo' :)
Grande regresso, pá!
:-) O prazer foi meu, e obrigado por me receberes no Duelo
Grande regresso mesmo. Bem-vindo! Agora só falta o Puto dar aqui uma perninha para o Duelo ao Sol, isto caso o Harry Madox queira descer a qualidade do blog.
Bora lá!
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