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16.7.11

A Minha Versão do Amor


A escritora Esi Edugyan justifica a inclusão de 'Barney's Version' no seu Top 10 de 'melhores histórias de americanos na Europa' por, apesar de a maior parte do livro se passar em Montreal, as 'passagens mais engraçadas decorrerem em Paris', onde o jovem Barney leva uma vida de boémia com os seus amigos artistas.

No filme não se passa nada disto: esta primeira parte 'europeia' (que se passa em Roma) é apenas um leve divertimento. Só quando Barney já está bem instalado na vida, como produtor de TV no seu Canadá natal, e especificamente quando se apaixona pela que será a sua 3ª mulher (o que acontece durante a cerimónia do seu 2º casamento!) é que o filme ganha alguma profundidade. Só aí sentimos a espessura desta personagem, que não consegue largar o álcool nem quando tem um casamento feliz, uma mulher que ama, e uma vida boa. Só aí entrevemos o homem com sentido de humor, excessivo, impulsivo, mas auto-destrutivo, que irá abaixo quando a mulher o deixa e a doença (Alzheimer) o ataca, conseguindo aqui, ser mesmo comovente.

Mas nem esta progressão à medida que o filme avança, nem um casting perfeito (com natural destaque para Giamatti, cujo processo de envelhecimento é perfeito, mas também para a luminosa Rosamund Pike e para o delicioso secundário Dustin Hoffman), nos consegue livrar da sensação de estarmos apenas a assistir a uma 'adaptação de qualidade'. Falta ao filme alma, ou se quisermos ser mais prosaicos, um Alexander Payne atrás das câmaras.

Barney`s Version, Canadá/Itália, 2010. Realização: Richard J. Lewis. Com: Paul Giamatti, Dustin Hoffman, Minnie Driver, Rosamund Pike, Rachelle Lefevre, Scott Speedman.

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