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5.3.12

Vergonha


O que me veio primeiro à mente ao ver 'Vergonha' foi 'Psicopata Americano', o de Bret Easton Ellis, bem adaptado por Mary Harron à tela há uma dúzia de anos. Aqui temos um sex addict e não um assassino, mas o vazio existencial é o mesmo, a fria Nova Iorque dos endinheirados a mesma. Neste aspecto, pareceu-me que 'Vergonha' conta a mesma história de sempre.

Posto  isto, Steve McQueen é realizador (já toda a gente falou de Carey Mulligan a cantar 'New York, New York' com todo o vagar do mundo, do dificílimo diálogo do jantar a dois, do exasperado jogging nocturno de Brandon Sullivan) e - mérito que também lhe deve ser atribuído - encontrou um actor do caraças para os seus filmes. Michael Fassbender, melancólico, de sorriso triste, senhor de um desespero tranquilo, quase prestes a desabar, é mais, muito mais de meio filme. Na minha opinião, bate aos pontos o Ryan Gosling de 'Drive', e eu gostei muito de 'Drive'. É mais sofisticado, tem mais pinta e menos pose. Consegue mais com menos. O filme é impensável com outro actor.

Shame, Grã-Bretanha, 2012. Realização: Steve McQueen. Com: Michael Fassbender, Carey Mulligan, Nicole Beharie, James Badge Dale e Hannah Ware.

8 comments:

Lia Ferreira said...

O Fassbender é um actor do caraças, sim senhor, é mesmo isso! :)
O filme é bom e não o achei nada chocante (para os padrões europeus, pelo menos) do ponto de vista gráfico.
É um filme triste, transmite dor e sofrimento. E a meu ver é essencialmente descritivo.

Agora, o próximo que está lá no Tolice é que é...
http://tolice.blogspot.com/2012/03/proximo-mcqueen.html

Ana said...

Também me lembrei do Psicopata Americano logo na cena em que ele está no escritório, mas este acaba por ser bem mais introspectivo. E o Fassbender é absolutamente genial. Também me parece - e isto custa-me dizer - superior ao Ryan Gosling, tanto em acting como em looks.

Ricardo Gross said...

A música, meus senhores e minhas senhoras, a música: http://www.youtube.com/watch?v=HRsj6nLhJvI&feature=related

Tic-tac, tic-tac, tic-tac...........

Unknown said...

Imperdoável eu não ter referido a música, que tem um papel importantíssimo na criação de todo o ambiente do filme. Foi a primeira nota mental que tirei após o filme: referir a música!

Unknown said...

O Ryan Gosling nota-se mais que está a representar um papel de gajo lacónico com pinta.

Ricardo Gross said...

Eu também não referi a música no meu texto. Mas fiquei agarrado desde que vi o trailer. Há todo um magnetismo no filme, qualquer coisa fica suspensa sempre que a música entra. Mas no geral sou mais sensível à música, mais até do que às imagens. Vai directo ao corpo: dá mais que sentir do que pensar.

Unknown said...

Eu acho que uma das coisas que distingue um grande realizador é o uso da banda sonora. Quando é desnecessáriamente intrusiva dá-me logo cabo do filme.

Rui Gonçalves said...

Gostei da estética, fez-me lembrar o A Single Man do Tom Ford. O Fassbender é muito bom, mas não devo ter percebido a mensagem, vi o filme há um mês e já quase não me lembro dele.