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14.10.07

A vida interior de Martin Frost



Um escritor (David Thewlis) que procura o isolamento na casa de uns amigos ausentes para escrever, acorda um dia com uma estranha (Irène Jacob) na sua cama. Ela inventa algo para justificar a sua presença e diz-lhe que prepara uma tese sobre o Bispo Berkeley, e falam das suas teorias, de que o mundo é apenas constituído por ideias, e nenhuma ideia pode existir a não ser numa mente. Ou seja, somos logo induzidos a pensar que Jacob só existe na cabeça de Thewlis.
Este lançamento do filme, esta meia hora inicial é bastante interessante, levando-nos a ver o filme como uma espécie de exercício intelectual de Paul Auster, um divertimento sobre o processo criativo de um escritor. Acontece que a seguir o filme vai perdendo ritmo e às tantas dá uma verdadeira cambalhota com a entrada em cena de Michael Imperioli (terceira das quatro únicas personagens). E embora nunca percamos propriamente o interesse pelo que se vai passando, a verdade é que o filme parece que avança aos solavancos, mudando várias vezes de tom e de direcção, por vezes de forma algo desconcertante. Tem-se atribuído isto à falta de talento de Auster enquanto realizador, mas eu penso que mesmo não sendo brilhante, ele nem se safa mal nesta faceta. A 'culpa' é mesmo do argumento, algo desconchavado, errático, passando do fantástico para um quase nonsense sem aviso (muita gente ficará sem duvida desapontada com a segunda parte).
Mas diga-se que Paul Auster sabe do seu oficio, e mesmo não sendo de forma alguma um dos meus escritores de cabeceira, o filme agradou-me, segui-o com interesse, apreciei o jogo que o escritor Paul Auster foi desenvolvendo, e que o realizador Paul Auster apesar de tudo conduz com segurança (não obstante haver um tom geral de algum amadorismo, mas talvez se deva apenas ao baixo orçamento). E, mesmo não me tendo agradado o final, nem de longe achei o conjunto tão mau com tem sido pintado.
The Inner Life of Martin Frost, Estados Unidos/Portugal/Espanha/França, 2007. Realização: Paul Auster. Com: David Thewlis, Irène Jacob, Michael Imperioli, Sophie Auster.

1 comments:

O Puto said...

Deixa um sabor agradável na boca, mas não muito forte. Adorei o riso e sorriso de Irène Jacob (ela é incrivelmente parecida com a Elisabeth Shue), bem com a voz da filha do realizador.