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10.5.10

Como desenhar um círculo perfeito


'Como desenhar um rculo perfeito' tem um argumento minimal (co-escrito pelo realizador e por Gonçalo M.Tavares): um adolescente taciturno, a descobrir a sexualidade, apaixona-se pela irmã gémea e sente-se algo perdido.

A irmã é carinhosa, protectora, até algo mais, mas não deixa de sair com outros homens (o que o perturba imenso); a mãe, com quem ele e a irmã vivem numa num velho casarão, é algo distante; e o pai, um escritor francês que vive sozinho num velho apartamento, levando uma vida vagamente decadente, acaba por não ter paciência suficiente para ele.

Este é acima de tudo um filme de ambientes: as casas velhas, o clima sombrio, o sexo casual (os encontros ocasionais do pai, da irmã, presume-se que da mãe, as festas adolescentes), com um erotismo sempre latente (as belas Joana de Verona e Beatriz Batarda) e um tom geral melancólico e lacónico.

(abra-se aqui parênteses para notar alguns paralelos interessantes com 'Goodbye Irene': as casas velhas, o bilinguismo, uma Lisboa escura).

Não é um filme perfeito: a parte que Guilherme (Rafael Morais) passa com o pai é um pouco arrastada e a arriscada cena final safa-se no limite. Mas, de facto, envolve-nos na sua atmosfera gubre e rarefeita - mas não totalmente desagradável - e neste aspecto parece-me completamente conseguido.

Não me parece é que venha a ter o sucesso (de estima e de público) que 'Alice' teve - aqui não há uma 'história' forte a que o espectador se possa agarrar - mas a mim tocou-me indubitavelmente mais.

Como desenhar um círculo perfeito, Portugal, 2009. Realização: Marco Martins. Com: Rafael Morais, Joana de Verona, Beatriz Batarda, Daniel Duval, Lourdes Norberto.

2 comments:

Mc Ako said...

olha, eu achei o alice uma valente merda. mas cheia de tiques e armada em boa. desculpa lá.

Unknown said...

Eu também não gostei do Alice.