'Goodnight Irene' é um objecto estranho, desde logo devido a ser um filme 'bilingue': todas as personagens vão alternando o português e o inglês (sendo que as falas nesta língua são legendadas).
Alex, um solitário velho actor inglês, doente e mal-humorado, agora confinado a dar voz a audioguias turisticos, é abalado pela chegada de uma nova vizinha que o traz de volta para a vida, o leva a sair, a confraternizar. Até que um dia ela desaparece.
Esta é a primeira parte do filme, marcada pela forte presença dos seus actores, Robert Pugh, cuja voz poderosa pontua o filme, e Rita Loureiro, luminosa e algo misteriosa.
Além de se passar quase sempre em interiores, em casas velhas muito bem filmadas, a fotografia sépia de Miguel Sales Lopes dá-lhe um tom irreal e afasta-o completamente de qualquer cliché sobre a luminosidade de Lisboa, onde a acção decorre.
Depois vem a segunda parte. Após o desaparecimento de Irene, aparece uma nova pessoa na vida de Alex: Bruno, jovem serralheiro que também a busca, e que entra nas casas das pessoas para lhes furtar memórias, recordações. Aqui o filme fraqueja: talvez devido ao excessivo simbolismo desta personagem (que procura nas casas dos outros e em Alex as recordações de infância e o pai que não teve), talvez devido à presença de Nuno Lopes ser menos impressiva, talvez por se arrastar demasiadamente.
Esta é a primeira parte do filme, marcada pela forte presença dos seus actores, Robert Pugh, cuja voz poderosa pontua o filme, e Rita Loureiro, luminosa e algo misteriosa.
Além de se passar quase sempre em interiores, em casas velhas muito bem filmadas, a fotografia sépia de Miguel Sales Lopes dá-lhe um tom irreal e afasta-o completamente de qualquer cliché sobre a luminosidade de Lisboa, onde a acção decorre.
Depois vem a segunda parte. Após o desaparecimento de Irene, aparece uma nova pessoa na vida de Alex: Bruno, jovem serralheiro que também a busca, e que entra nas casas das pessoas para lhes furtar memórias, recordações. Aqui o filme fraqueja: talvez devido ao excessivo simbolismo desta personagem (que procura nas casas dos outros e em Alex as recordações de infância e o pai que não teve), talvez devido à presença de Nuno Lopes ser menos impressiva, talvez por se arrastar demasiadamente.
Há ainda uma espécie de epílogo, uma viagem a Espanha algo insólita e com episódios até bizarros. E às tantas ouvimos mesmo as vozes das personagens mas elas já não mexem os lábios: é como se o tal ambiente onírico, irreal, subconsciente, que esteve sempre entranhado ao longo do filme, viesse de vez à tona e tudo se passasse ao nível da imaginação de cada um.
O filme encerra com uma 'voz do além' explicativa que era desnecessária, e no final fica alguma sensação de desconcerto e até de frustração. Mas não há que negar a originalidade da proposta e o olhar de cineasta que Paolo Marinou-Blanco (um português que já andou por todo o mundo) indubitavelmente demonstra nesta sua primeira longa-metragem, em que também assina o argumento.
Goodnight Irene, Portugal, 2008. Realização: Paolo Marinou-Blanco. Com: Robert Pugh, Nuno Lopes, Rita Loureiro.
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