A Brasileira, no Chiado, numa sexta-feira à tarde: "Olha! Está um filme no King, chamado «A Canção Mais Triste do Mundo», que promete! É sobre uma mulher que perde as pernas e substitui-as por umas próteses de vidro cheias de cerveja". Que ideia hilariante! É preciso dizer mais alguma coisa para me convencer a ver este filme? Não. E lá fomos nós.
A acção do filme passa-se no Canadá, durante a depressão dos anos 30, com a lei seca a imperar no país vizinho. A implacável dona de uma fábrica de cerveja (Isabella Rosselini), decide promover um concurso mundial para apurar qual a música mais triste do mundo. Claro que isto não passa de um golpe comercial para promover o consumo de cerveja. Aí entram os outros quatro personagens centrais. Há o representante dos EUA, o homem que nunca se comove e que se faz acompanhar de um aparato "broadwayano". A sua namorada ninfomaníaca, um misto de maluquinha de Arroios e personagem de um filme do Manoel de Oliveira. O seu irmão, um virtuoso mas hipersensível violoncelista, abandonado pela mulher. O pai deles, um velho demente empenhado em compensar a sua amada pela perda das duas pernas (engano seu). As situações caricatas, os toques de bizarria e as extravagâncias dos personagens são filmados num preto e branco desfocado e artificial, vindo-nos à memória David Lynch de "Eraserhead" ou "O Homem Elefante", ou então partes de "Nadja" de Michael Almereyda. Mas os pontos em comum ficam-se por aqui, pois o bizarro por vezes dá lugar ao ridículo. Mas vale a pena ver algumas cenas hilariantes, que não lembram ao diabo. As pernas cheias de cerveja são imbatíveis. Porém, no seu conjunto, o filme é algo disperso e o interesse vai-se desprendendo, culminando num final previsível.
[O Puto]
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