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9.6.05

Temporada de patos



Flama e Moko são dois amigos de 14 anos, que tencionam passar mais um domingo do modo habitual: a jogar videogames enquanto comem piza e emborcam coca-colas. Dois acontecimentos, porém, vão-lhes alterar a rotina. Primeiro entra-lhes pela casa dentro a vizinha de 16 anos, que quer usar o forno para fazer um bolo. Depois têm um problema com o entregador de pizas: como este chega uns segundos atrasado em relação aos 30 minutos estipulados, não lhe querem pagar a piza (um belo hábito que deveria ser importado para o nosso país), mas este não reconhece o atraso e recusa-se a arredar pé. Um verdadeiro impasse mexicano, portanto. Solução? Um videojogo de futebol entre eles e o entregador ...
Estão assim lançados os dados para o que o filme nos pretende mostrar: as relações e os pequenos jogos que se vão estabelecendo entre as quatro personagens, que acabam por passar toda a tarde juntas, nunca a câmara saindo do apartamento. Claro que um pressuposto tão minimalista só se aguenta se o argumento estiver à altura, o que é o caso, doseando um certo sentido de humor extravagante (que nos arranca umas boas gargalhadas), com um ambiente sombrio que se torna verdadeiramente deprimente. Não é uma comédia melancólica a la Wes Anderson, nem um filme melancólico com momentos cómicos como Sideways: é deprimente mesmo. Sem dúvida devido ao facto de todas as personagens terem uma angústia interior que vamos descobrindo, de todas desejarem que a vida fosse diferente, sentimentos esses simbolizados no título (a metáfora com a necessidade de migração dos patos). Corajosamente filmado num belo preto e branco, é mais um filme mexicano que vale a pena, e mais um nome de um realizador deste país a reter - Fernando Eimbcke .

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