A primeira parte do filme fez-me recordar dois artigos que li num jornal.O primeiro relatava que muitas das confissões e discussões entre duas pessoas têm lugar num carro durante uma viagem. A privacidade, a ausência de contacto ocular que impossibilita o julgamento imediato, a sensação de impunidade, o efeito narcótico das luzes e da estrada transformam o carro no divã dos tempos modernos. O segundo artigo mencionava que muitas das separações de casais acontecem a seguir às férias. De repente duas pessoas que vivem ocupadas durante um ano percebem que não se conhecem, que não têm uma relação saudável sem a muleta do trabalho e das obrigações que partilham.
Assim começa o filme. Um casal parte para férias. O marido descarrega as suas frustrações, e torna a viagem perigosa e insuportável para a sua esposa. O casal separa-se de forma intempestiva. A partir daqui o nosso road-movie-confessional, transforma-se num thriller intenso e oferece-nos do melhor cinema que vimos nos últimos tempos. Jean-Pierre Darroussin é fabuloso na pele de um homem comum que se vê preso numa situação limite provocada pela sua raiva.
Inspirado num livre de Georges Simenon.
1 comments:
Eu gostava de ver o filme, mas não há meio de estrear no Porto!
Aliás este está-se a tornar um problema recorrente...
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