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9.11.05

Eros Terapia



'Eros Terapia' está dividido em duas partes. A primeira denomina-se 'Eros' e é uma espécie de introdução às personagens e ao ambiente do filme. Conhecemos Adam um advogado de meia-idade que pretende reconquistar a sua ex-mulher que o trocou por... uma mulher. Sabendo dos instintos protectores daquela, inventa que caiu dum teleférico e ficou parcialmente amnésico, convindo-lhe morar em terrenos familiares, pelo que se instala na garagem da casa que partilhavam. Entretanto conhece Bruno, um jovem que trabalha num 'centro de reabilitação' (em que se curam as pessoas satisfazendo os seus fetiches masoquistas!), que lhe promete que vai conseguir que a mulher volte para ele. Por esta amostra se percebe que o tom do filme é de farsa, e nesta primeira parte consegue ser bastante divertido, gozando deliberadamente com uma série de lugares comuns, a que não escapa a critica cinematográfica 'intelectual' - a realizadora Danièle Dubroux foi critica dos Cahiers du Cinema, e uma das personagens (a mais antipática!) também é critica duma revista avant garde. O pior vem na segunda e mais longa parte do filme, denominada 'Tanatos' - as expectativas criadas são mortas uma a uma (passe o trocadilho), enrolando-se o argumento numa série de situações bizarras e que não chegam a lado nenhum. Talvez a realizadora tenha querido carregar na farsa até ao ponto do surrealismo, mas sai-lhe o tiro ao lado, alinhando cenas de um simbolismo primário e psicologias de pacotilha, naquele estilo muito intelectual, cheio de citações cultas, muito obcecado com sexo mas incapaz de dizer um palavrão - muito francês, em suma. O resultado é que o próprio filme se torna mais ridículo do que aquilo que pretende ridicularizar, nem os excelentes actores (com destaque para Melvil Poupaud), nem algum humor que sobrevive da primeira parte o salvando. Um acto falhado.
Eros Thérapie, França, 2004. Realização: Danièle Dubroux. Com: Catherine Frot, Isabelle Carré, François Berléand, Melvil Poupaud.

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