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10.1.06

Aurora



Um dos acontecimentos cinematográficos de 2005 foi sem dúvida a reposição em sala de 'Aurora', clássico entre os clássicos, primeiro filme do alemão Murnau em Hollywood. Depois da estadia em Lisboa chega neste início de ano ao Porto.
Os prazeres que se podem obter com a visão de um clássico são inúmeros, desde logo observar as experimentações feitas numa arte jovem de 30 anos, mas já no auge das suas potencialidades. As inovações de 'Aurora' são mais que muitas, sendo de realçar o excelente partido tirado dos efeitos sonoros, curiosamente no mesmo ano do primeiro filme falado da história do cinema ('The Jazz Singer' de Alan Crosland, 1927). Outro prazer de ver um clássico é reconhecermos a influência que teve no que o seguiu, fazendo-nos lembrar este ou aquele filme posterior! Isto tanto se pode dar em aspectos óbvios (é impossível não pensar em 'Citizen Kane' ao ver as extraordinárias profundidades de campo de Aurora) como em pormenores mais subtis (a mim toda a sequência da cidade me fez lembrar...Jean Renoir!). É assim uma espécie de regresso ao futuro!
Claro que tudo isto não passaria de curiosidade de museu para aficionados se o filme já não nos dissesse nada. Mas acontece que a simplicidade e a beleza de 'Aurora', a sua combinação perfeita de comédia e tragédia, nos tocam hoje como há oitenta anos. É essa outra marca de um clássico. 'Aurora' foi ao seu tempo um enorme fracasso comercial, prova que ontem como hoje o público nem sempre adere à primeira às obras mais inovadoras e brilhantes. Mas o verdadeiro juiz das grandes obras de arte não é o público nem os críticos da sua época: é o tempo. E é o facto de 'Aurora' ter passado esta dura prova que me permitiu vê-lo numa sala repleta, oito décadas depois da sua estreia.
Sunrise: A Song of Two Humans, EUA, 1927. Realização: F.W. Murnau. Com: George O`Brien, Janet Gaynor, Margaret Livingston, Bodil Rosing, J Farrell MacDonald.

3 comments:

Sunday Morning said...

aurora é um dos mais belos filmes de sempre e de uma das mais belas histórias de amor que alguma vez vi.
a capacidade somente a imagem nos transmitir nos tantos sentimentos.
Foi o unico filme que ganhou um oscar para Best Picture, Unique and Artistic Production em 1929

Unknown said...

É verdade, no primeiro ano dos Oscars :)
Não foi logo reconhecido pelo público, mas foi-o pela Academia.

merdinhas said...

Aurora é um excelente filme.
Como o é Nosferatu.