Longos planos de Colin Farrell imerso na selva. Longos planos de Q`Orianka Kilcher (grande casting). Os pensamentos de Colin Farrell como pano de fundo em voz off. Os sons da selva ou da banda sonora omnipresentes. Meia dúzia de diálogos e um argumento que se poderia resumir em meia página. Nada que seja estranho a Terrence Malick, mas o suficiente para radicalizar opiniões e relançar a questão velhinha de mais de 100 anos sobre os caminhos do cinema, e da (in)dependência dos filmes em relação ao argumento (leia-se, da (in)dependência dos filmes em relação às artes que o precederam, nomeadamente à escrita e ao teatro).
Na minha opinião este filme é muito diferente de quase tudo o resto, mas não tanto por aí. Gus Van Sant, por exemplo, não tem feito outra coisa nos últimos tempos, que não explorar o lado visual, digamos assim, como forma de transmitir emoções em detrimento da palavra, do diálogo. Os noventa e sete minutos de 'Last days' parecem infinitamente maiores que os cento e trinta e cinco d´'O novo mundo'. O que distingue Malick, é um certo tom épico que dá ao filme, o que aliado a uma quase perfeição no modo de filmar, na captação da natureza e dos homens nela inserida, nos transmite um fascinio quase hipnótico. Nem se trata tanto da 'mensagem' passada por Farrell (e provavelmente partilhada pelo realizador) do novo mundo puro e idealizado em contraste com o velho mundo corrupto, que nem é muito enfatizada, mas sim de todo o modo como o relizador nos embala na sua deriva, nos envolve num universo imagético poderoso e original. É dificil não pensarmos que o grande cinema (também) é isto.
The new world, E.U.A., 2005. Realização: Terrence Malick. Com: Colin Farrell, Q`Orianka Kilcher, Christian Bale, Christopher Plummer, Wes Studi, David Thewlis, Ben Chaplin.
2 comments:
assino por baixo! estavas a pensar que eu não ia gostar, não estavas?
Pura poesia visual.
Post a Comment