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28.2.07

Livro negro



Paul Verhoeven, após 20 anos em Hollywood, voltou à Europa para fazer um filme passado na sua Holanda natal durante a ocupação Nazi. Segundo as suas palavras, voltou porque em Hollywood não poderia fazer este filme. Compreendemo-lo: para além da língua holandesa, o filme tem cenas de nudez pouco comuns por aquelas bandas e contornos morais mais cinzentos do que os grandes estúdios gostam. Na resistência não há só heróis, mas também traidores, pessoas que põem os seus interesses pessoais acima de tudo, anti-semitas, inclusive; e do lado dos nazis também há delicados coleccionadores de selos que se preocupam com as baixas do outro lado. Saliente-se que não há aqui qualquer tipo de revisionismo: Verhoeven apenas nos diz, uma vez mais, que as pessoas são o que são. O comportamento da multidão após a capitulação Nazi, procurando, sedenta, vingar-se dos antigos colaboracionistas, mostra o que pensa Verhoeven da natureza humana.
De Hollywood o realizador trouxe o know-how, apresentando uma reconstituição história sólida e credível, sem ter aquele aspecto de telefilme rico tão comum em filmes de época. O resultado é um filme acima da média, com um agradável sabor démodé.
Zwartboek / Black Book, Holanda/Bélgica/Grã-Bretanha/Alemanha, 2006. Realização: Paul Verhoeven. Com: Carice van Houten, Sebastian Koch, Thom Hoffman, Halina Reijn, Waldemar Kobus, Derek de Lint, Christian Berkel, Dolf de Vries.

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