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21.6.07

10 filmes da vida de...

...Sandra Bettencourt (aka S.B. ), 23 anos, estudante de Estudos Artísticos - variante de Cinema. É autora do blogue Observando o tempo.

Seleccionar, enfatizar e deixar de parte 'objectos' de que gostamos é sempre complicado e injusto. Como tal tem de haver um critério que se imponha, no meu caso são aqueles filmes que me fizeram despertar para o cinema, que me fizeram encará-lo de um modo diferente. São aqueles filmes que me piscaram o olho e aos quais eu retribuí. Aos quais eu devo algo...


A Clockwork Orange (Stanley Kubrick, 1971)
Poderiam ser todos os filmes de Kubrick, especialmente Barry Lyndon, mas é A Clockwork Orange porque foi o primeiro que vi daquele que considero como Mestre. Deslumbrar-me-á sempre a sua capacidade de filmar o ser humano imperfeito, terrivelmente imperfeito, por vezes desprezível. Por isso mesmo sedutor, pois é livre.

Wings of Desire (Wim Wenders, 1987)
Um filme que vive das imagens. Bem como dos monólogos interiores que nos apresentam a condição humana da mortalidade de um forma belíssima. Um filme poema. Quando acabei de o ver, pela primeira vez, o meu desejo foi revê-lo o mais rapidamente possível.

M (Fritz Lang, 1931)
Cada vez que vejo M mais me surpreendo com o filme. O poder do não visto tem um efeito angustiante em mim, mostra muito mais em não mostrar e os som ganham uma dimensão importantíssima, nunca me vou esquecer do nome Elsie evocado desesperadamente pela mãe ou do assobio de Peter Lorre. A questão da liberdade humana e do que é justiça e por quem é que deve ser praticada sempre me fascinou em M.

The Godfather: Part II (Francis Ford Coppola, 1974)
Sou fã da trilogia, da forma como retratam o percurso se Michael Corleone, os três filmes em conjunto fecham o circulo da narrativa de filmes de gangster clássico: a ascensão e queda do gangster, um dos temas que me fascina no cinema. No entanto a minha preferência recai sobre o segundo filme talvez por tratar da fase de apogeu do gangster (e eu gosto sempre de ver Al Pacino de forma luminosa e poderosa), em segundo pela anacronia imposta pela personagem de De Niro, o jovem Vito Corleone, e terceiro pela narrativa que é mais complexa e torna os personagens mais ambíguos.

À Bout de Souffle (Jean-Luc Godard, 1960)
Quando vi o filme não sabia quase nada do que era a "Nouvelle Vague" e pouco conhecia de cinema francês porque me tinha convencido de que não gostava. Godard fez-me mudar completamente a minha opinião, apaixonei-me pelo filme, pelas ruas da cidade, pela Seberg e pelo Belmondo, pelos seus diálogos, pela luz, pelos sorrisos e pelo final. Não consigo deixar de assistir ao filme sem um sorriso nos lábios.

Le Notti Bianche (Luchino Visconti, 1957)
Tal como em À Bout de Souffle foi com este filme que descobri, ou aprendi a gostar de cinema italiano. Não há nada no filme que eu não goste, apesar da temática não me ser muito apelativa, pelo trabalho dos actores e de Visconti, aceitei-a e adorei. Um filme recheado de imagens belíssimas.

Offret (Tarkovski, 1986) A forma como Tarkovski trabalha o espaço em O Sacrifício é magistral. As suas dimensões parecem estar em permanente transformação, mas com uma leveza e sensibilidade que os espaços físicos ganham vida e respiram, fundindo-se com o interior com o exterior. Para mim, Tarkaovski é um dos grandes mestres da imagem e da câmara de filmar, neste seu último filme comprova-o, de uma forma mais subtil e, talvez por isso, mais sublime.

Nosferatu, eine Symphonie des Grauens (Murnau, 1922)
A par de Gabinete do Dr. Caligari, foi o primeiro filme que vi do cinema alemão da República da Weimar. Expressionista ou Caligarista, ainda estou para compreender bem esta distinção. Arrebatou-me por completo a forma como o tema do vampiro foi tratado (alguns dos meus filmes favoritos são sobre vampiros: The Hunger e The Addiction). O uso da luz/sombras, a representação de Max Schreck (há quem defenda que era o próprio Murnau) ainda hoje me surpreendem.

Apocalypse Now (Francis Ford Coppola, 1979)
Na minha opinião o melhor filme de guerra, com uma realização irrepreensível, e representações fantásticas. Daqueles filmes que me fazem maravilhar com a sua imponência visual, à semelhança dos épicos "western spaghetti", com as mise-en-scéne sempre muito bem orquestradas.

Repulsion (Roman Polanski, 1965) Foi a minha introdução ao cinema de Polanski, do qual fiquei fã, e à representação de Deneuve. A construção da paranóia e dos traços de um inconsciente surrealista fazem deste filme uma forte experiência visual. Por influência de Repulsion, descobri dois outros filmes que se tornaram também dos meus favoritos: Belle de Jour (Bunuel) e The Lodger (Polanski)

Todas as semanas um blogger cinéfilo fala aqui de 10 filmes da sua vida. O próximo convidado é o Chico Fireman.

6 comments:

Anonymous said...

Não vi alguns, outros maravilharam-me bastante quando os vi, como Nosferatu ou As Asas do Desejo...
É sempre giro ler estas listas :)

S.B. said...

Só ao ler aqui é que reparei que o texto está cheio de gralhas :/

Unknown said...

culpa minha! já corrijo:)
E já agora, gostei muito de ver o 'Repulsa' na lista, grande filme.

Hugo said...

Mas que bela lista. :-) E Repulsion é mesmo um filmaço. Tal como outro do mesmo Polanski: Cul-de-sac

Luís A. said...

ena! a sandra tem pelo menos 3 filmes que entrariam tambem na minha lista...

C. said...

Mais uma lista fantástica! Destes 10, vi 9 (falta o 'Offret') ;)