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18.11.07

Control


Duas revelações: Sam Riley e Alexandra Maria Lara

No início de 'Control' temos um rapaz metido consigo mesmo, complicado, mas com carisma e um brilho nos olhos. Para o final temos um homem que não sabe o que fazer da vida, se deixa a mulher se não deixa, se quer mesmo o sucesso que já parece inevitável, que desespera com os ataques epilépticos que vem sofrendo. 'Control', mais que o retrato do artista quando jovem, é o retrato da pessoa que perdeu o controlo da sua vida. Que quer fazer as coisas certas mas não consegue. É um retrato austero, rigoroso e e sem cair em nenhum tipo de cliché sobre artistas malditos - Ian conciliava a vida de popstar emergente com um emprego convencional, mulher e mais tarde uma filha. E é impecavelmente filmado por Anton Corbijn, com uma elegância e sobriedade inatacáveis, suportado por uma imaculada fotografia a preto e branco, e uma encarnação espantosa de Sam Riley em Ian Curtis.

A bem dizer é-me quase impossível encontrar um aspecto negativo neste filme, mas a verdade é que não aderi tanto a ele como gostaria. Talvez porque seja demasiadamente asséptico na sua elegância formal, talvez porque arrisque pouco - é tão bem feito que nem nos apercebemos da sua estrutura bastante convencional (por exemplo: inserir as canções reflectindo a vida pessoal do artista naquele momento é algo bastante óbvio, embora por vezes resulte bem). Talvez lhe falte alguma rugosidade, alguma sujidade.

Ainda assim, insisto, achei-o bom. Mas vai ter que que marinar mais algum tempo no meu espírito, até conseguir perceber bem porque é que não me agarrou emocionalmente - e logo a mim, que cresci a ouvir os Joy Division.
Control, Grã-Bretanha, Estados Unidos, 2007. Realização: Anton Corbijn. Com: Sam Riley, Samantha Morton, Joe Anderson, James Anthony Pearson, Harry Treadaway, Alexandra Maria Lara, Craig Parkinson.

4 comments:

Carlos Pereira said...

A mim conquistou-me em absoluto.

O Puto said...

É um bom filme, repleto de belas imagens, e que revela o lado mais humano do líder dos Joy Division. Quando acabou o filme, só me deu vontade de ouvir os discos da mítica banda.

Anonymous said...

A "sugidade" está no emocional. Enquanto espectadora senti isso, como se a confusão dele me afectasse também um tanto a mim - e eu nem sou nenhuma incondicionável de Joy Division...

joão moço dos recados said...

talvez o meu filme do ano, mas muito por razões emocionais.