"Os fundamentalistas andam a bradar aos céus que foram traídos por David Cronenberg. Como é possível?, perguntam eles. Como é possível que um dos mais sistematicamente estimulantes cineastas contemporâneos digne aceitar filmar guiões indignos do seu talento e andar a fazer tangentes ao "mainstream" que pouco adiantam a uma das obras mais consistentes do cinema recente? Já se sentia esse desconforto nas reacções a "Uma História de Violência" (2005) e o novo "Promessas Perigosas" parece exacerbá-las"
Jorge Mourinha
Só me ocorre que Jorge Mourinha está a falar dos seus colegas do lado. Depois do ano passado o excelente 'Uma história de violência' não ter tido lugar no top ten do Público, agora que estreia o novo filme do realizador canadiano, além de Jorge Mourinha só Vasco Câmara se dignou a ir vê-lo.
Jorge Mourinha
Só me ocorre que Jorge Mourinha está a falar dos seus colegas do lado. Depois do ano passado o excelente 'Uma história de violência' não ter tido lugar no top ten do Público, agora que estreia o novo filme do realizador canadiano, além de Jorge Mourinha só Vasco Câmara se dignou a ir vê-lo.
(em sentido contrário está Gus Van Sant, actualmente com vela acesa em Meca, que teve direito a casa cheia e unanimidade nas estrelinhas).
11 comments:
Não sejamos precipitados. A estranheza de "Uma História de Violência" não ter figurado no top final vem essencialmente devido ao facto de ter sido bem recebido no jornal. Se a minha memória não me engana, só o Vasco Câmara não tem gostado dos últimos filmes. O Luís Miguel Oliveira, por exemplo, até os costuma correr a 4 estrelas.
Das estrelas que deram a 'Uma história...' não me lembro, mas divirto-me sempre - e acho um excelente 'medidor de preconceitos' - a ver quantos criticos e quais vão à estreia dum determinado filme.
No Publico, por exemplo, é sempre o Jorge Mourinha que vai à dos filmes 'comerciais'. E continuo a achar certas coisas espantosas, como nem sequer ter sido referido nesse jornal o filme do herzog.
Sim, o Herzog não ter aparecido lá é estranhíssimo.
"Eastern promises" é uma grande desilusão. Um thriller banal, clássico, sem invenção. Cronenberg habituou-nos a universos mais complexos e criativos (Crash, Naked lunch, eXistenz, Spider...).
E não há complexidade e criatividade na realidade, caro Nuno? Eu gosto deste "novo" Cronenberg, que continua tão inquietante como o "antigo".
Eu gostei do filme. Mas a minha questão era mais do que isso, tinha a ver com o facto de estrear um novo Cronenberg e metade dos criticos de um jornal 'de referência' nem o irem ver.
Eu sei e concordo com a questão.
É, parece que agora o que dá prestígio é fazer filmes com adolescentes pasmados, musiquinha para o melancólico e cenas contemplativas e "oh-tão-poéticas".
Enfim, o filme do Van Sant tem os seus méritos, mas não adianta nem atrasa em relação ao que já fez (especialmente nos 3 anteriores). E quanto ao Cronenberg, parece-me que um thriller pode ser simultaneamente clássico e complexo, e felizmente é o caso de "Eastern Promises".
Repara, eu escrevi o texto antes de ver os filmes e deu-se o caso de ter gostado dos dois - provavelmente até gostei mais do do Van Sant. Mas só decidi isto DEPOIS de os ver...
Confesso a minha total desilusão perante o novo filme de Cronenberg. Não o avaliei tendo em conta o passado cinematográfico do realizador, ou seja, não recorri a comparações. Isoladamente, Eastern Promises é um filme falhado e juro que não compreendo toda esta sobrevalorização que o circunda...
Abraço
Tal como eu não entendo como se pode dizer que o filme é falhado ou "sobrevalorizado". Opiniões.
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