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24.11.07

Luzes no Crepúsculo


No último capítulo da sua trilogia sobre a working class finlandesa, Aki Kaurismäki continua igual a si próprio e diferente de todos os outros. 'Luzes no crepúsculo' é um conto breve, triste e melancólico, mas com momentos de humor desesperado (Kaurismaki parece ter retido aquele segredo do cinema mudo de nos fazer rir com um simples plano) e até de esperança (apesar de tudo, há uma luz que nunca se apaga).
Kaurismäki filma muitíssimo bem, não há um plano a mais, nem um plano com um segundo a mais; a fotografia é deslumbrante e a banda sonora fantástica (e tristíssima). Mas nunca nos ocorreria classificá-lo de virtuoso: simplicidade e agudeza são as suas características. O que lhe permite ter um olhar simultaneamente analítico e caloroso para com as suas personagens marginais.

No início do filme, Kaurismäki, numa magnífica cena 'lateral', põe três transeuntes a falarem de escritores russos: Gorky, Tchéckhov, Tolstoi, Pushkin, Gogol (mas não de Dostoievski, apesar da principal personagem do filme não mexer uma palha para se salvar). Após vermos 'Luzes no crepúsculo', não podemos deixar de achar esta citação a alguns dos maiores contistas da literatura russa muito apropriada: talvez este cineasta do país vizinho, seja um dos seus mais dignos sucessores.

Laitakaupungin valot/Lights in the Dusk, Finlândia/Rússia, 2006. Realização: Aki Kaurismäki. Com: Janne Hyytiäinen, Maria Järvenhelmi, Maria Heiskanen, Ilkka Koivula, Sergei Doudko.

1 comments:

Anonymous said...

Assino por baixo. Essa ligação ao universo dos Russos é inequívoca, mas cinematograficamente o filme é igualmente excelente.
Das melhores coisas a estrear este ano.