A primeira coisa que me surpreendeu neste filme foi ser muito um filme ‘à irmãos Coen’. A sua violência estilizada e um pouco absurda, o seu sentido de humor, todo o seu universo remetem para filmes como ‘Fargo’ ou ‘História de Gangsters’. Eu confesso que estava à espera de algo mais ‘à Cormac McCarthy’.
Ou seja, eu diverti-me imenso a ver este filme, achei magnifica esta perseguição do tresloucado Chigurh (Óscar de caras para Bardem) ao condenado Moss (e o excelente Brolin também merecia estar nos Óscares), mas diverti-me da mesma maneira que me diverti a ver a perseguição das meninas a Kurt Russell em ‘Death Proof’. Nada contra ‘Death Proof’, bem entendido, mas penso que aqui os irmãos Coen deram tanta importância a estas personagens que se esqueceram do resto. Nem falo da personagem de Woody Harrelson que aparece e desaparece num ápice (fruto da sua arrogância), mas sim da personagem de Tommy Lee Jones, algo abandonada pelos realizadores, sendo que aqui me parece que se perde muito. É do desalento desta estranha personagem que vem o título do filme, não nos esqueçamos, mas não nos é dado a compreender exactamente porquê. Senti sempre que havia algo por trás deste (excelente) divertimento que não me estava a chegar, algo mais transcendental, ou religioso, ou simbólico (sobre a ‘natureza humana’, sobre ‘o mal’), que se intui que estará no livro mas que passa algo ao lado do filme. A intenção de Tarantino é mostrar-nos assassinatos estilosos e perseguições de carros. A dos Coen seria apenas mostrar-nos uma perseguição sanguinolenta? A de quem escreveu a história (McCarthy) não era certamente. E isso faz a diferença entre sentir que falta algo aqui (no ‘No Country...’) que não falta lá (em Tarantino - e peço desculpa pela insistência, mas lembrei-me mesmo de Tarantino ao ver este filme). Basta ver a sequência final, que parece deslocada, como se o filme já tivesse acabado antes.
Passei tanto tempo a tentar explicar porque não considero o filme uma obra-prima, que nem disse que o que lá está é mais do que suficiente para ele ser muito bom. Mas é-o. Já referi os actores, já referi que todo o subplot Barden/Brolim é estupendamente filmado, gostaria também de acrescentar as belas elipses que não nos deixam ver as duas mortes mais esperadas.
No Country For Old Men, E.U.A., 2007. Realização: Ethan Coen e Joel Coen. Com: Tommy Lee Jones, Javier Bardem, Josh Brolin, Woody Harrelson, Kelly Macdonald.
2 comments:
É um grande filme
Concordo plenamente que não é a obra-prima que muitos querem fazer crer, e que parece acabar muito antes dos créditos finais aparecerem.
PS: se puderes, dá uma vista de olhos no meu novo blog, podemos trocar links, comments, etc.
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