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23.2.08

Vista pela última vez...



Já confessei aqui o meu apreço por filmes realizados por actores - é raro não gostar de um. De um modo geral os actores têm uma boa relação com a câmara e revelam-se cineastas atentos, sensíveis e, claro, bons condutores dos seus actores.
‘Gone, Baby, Gone’, estreia na realização de Ben Affleck, confirma apenas parcialmente esta ideia. É que se Ben proporciona uma bela interpretação ao mano Casey, um dos actores do momento (aquela voz é uma coisa…), por outro lado os seus talentos enquanto realizador não vão além do suficiente.
De facto, o que mais sobressai neste filme é a força do seu argumento, baseado no livro homónimo de Dennis Lehane, mais uma vez passado em Boston e andando às voltas com fantasmas, crimes e crianças (diga-se de passagem que a colagem ao ‘caso Maddie’ é um disparate - a única coisa em comum é haver uma menina desaparecida).
Mas enquanto Eastwood (outro actor, mas certamente um caso especial) pegou em ‘Mystic River’, do mesmo Lehane, e fez uma obra-prima do cinema, Affleck apenas ilustra competentemente o argumento, aproximando-se demasiadamente do estilo telefilme, com uma realização mortiça e convencional. Mas penso que isso é mais uma limitação que uma atitude, pois Affleck não pretende nunca limar ou reduzir o argumento, e consegue mesmo algo essencial, que é instalar um clima de ambiguidade moral que está inerente à história mas que seria proibido no tal ‘telefilme’. O seu muito conseguido final é disso mesmo prova.
No fundo, acaba por nos deixar qualquer coisa cá dentro – o que quer dizer que valeu a pena.
Gone Baby Gone, E.U.A., 2007. Realização: Ben Affleck. Com: Casey Affleck, Ed Harris, Morgan Freeman, Michelle Monaghan, Amy Ryan, John Ashton, Robert Wahlberg.

2 comments:

C. said...

Desculpa usar os comentários para uma questão... mas que tal estas edições de Billy Wilder ("último visto")? É que, curiosamente, não vi nenhum dos que foram lançados nesta colecção e já vi todos os outros filmes do realizador. Que tal este, por exemplo?

Unknown said...

Eu achei-o uma obra-prima! Eu comprei-os todos a preço de saldo na FNAC, mas ainda só vi este (e o 'Pagos a dobrar' já conheço, é outra obra-prima, claro).