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3.1.10

À l'Aventure




















''À L'Aventure' é a última parte da trilogia de Brisseau dedicada à 'sexualidade feminina' e, seguramente, a menos interessante de todas.

Brisseau mantém todas as obsessões e fantasias sexuais dos filmes anteriores e acrescenta à festa um psiquiatra, como pretexto para tecer ligações entre sexualidade e inconsciente, entre o orgasmo e estados místicos, com sessões de hipnose pelo meio, êxtases provocados por regressões a vidas anteriores e coisas no género. Como se não bastasse acrescenta um plot paralelo em que um taxista (ex-professor de física e ex-aluno de meditação na Índia) nos vai explicando a teoria da relatividade e tecendo comparações entre a imensidão do universo e a insignificância e pequenez do homem...

Escusado será dizer quanto todo este misticismo soa a cliché, a psicologia de pacotilha, a filosofia de... taxista. Parece tudo um pretexto requentado para o voyeurismo do cineasta, que desta vez é salvo apenas in extremis dum erotismo softcore a la 'Orquídea Selvagem' pelo seu grande rigor na mise en scéne. Brisseau é um cineasta e isso salva qualquer coisa (este argumento nas mãos de um tarefeiro daria sem dúvida origem a um desastre de proporções calamitosas), mas não muito. Eu cheguei a duvidar se não me estaria a escapar qualquer tipo de ironia, mas infelizmente penso que o realizador se leva mesmo a sério. Tudo espremido, no final só me ficou a imagem da bela Carole Brana.

P.S.: Como se nota, este blog inicia o ano sob o signo francês. É provável que assim continue por mais uns posts, mas agora com filmes estreados por cá, pode o caro leitor estar descansado.

À l'Aventure, França, 2009. Realização: Jean-Claude Bisseau. Com: Carole Brana, Arnaud Binard, Nadia Chibani, Lise Bellinck.

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