Já vi há uns tempos 'Shirin', de que gostei bastante, mas sobre o qual tenho alguma dificuldade em escrever. Talvez por concordar com aqueles que o consideram mais uma instalação que um filme.
Por dois motivos: à semelhança de muita ‘arte moderna’ exige alguma contextualização: é difícil, para quem o vê ‘virgem’, não tentar saber algo mais a seguir. E não é indiferente, penso, saber que aqueles rostos tão intensos que desfilam perante nós, são de actrizes a quem Kiarostami pediu que pensassem em algo pessoal, sendo a história que se ouve em pano de fundo (um poema persa do século XII, sabemos com a tal contextualização) apenas uma espécie de banda sonora. Em segundo lugar, porque tendo visto o filme em casa não me pareceu ter tido uma experiência inferior à que teria numa sala de cinema. Pelo contrário: soube-me bem acompanhá-lo com um bom tinto, enquanto me deixava embalar pelo seu ritmo encantatório…
Shirin, Irão, 2008. Realização: Abbas Kiarostami. Com: Juliette Binoche, Pegah Ahangarani, Taraneh Alidoosti, Mahnaz Afshar, Golshifteh Farahani, Soraya Ghasemi.
1 comments:
É engraçado a ideia de beber um tinto no sofá da sala e ter esta conversa maravilhosa, silenciosa, com estas mulheres. Como se o lado voyeurista deste filme, que exponencia a nossa experência de espectadores, se quebrasse subitamente e desse lugar a um diálogo intimista. Grande ideia, vou escolher o meu vinho.
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