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18.10.12

Sylvia Kristel (1952 - 2012)



Obituário no Público.

3 comments:

Ricardo Gross said...

Nem pedi autorização ao Vasco M. Barreto, mas coloco aqui um texto extraordinário (de um grande escritor) que lhe é dirigido e que disponibilizou através do Facebook.

"Num estado de espírito próximo da melancolia, encontrava-me esta tarde no edifício do Nederlands Kanker Instituut de Amsterdam quando me pediram para ceder a vez da consulta, vendo-me de súbito com meia hora de inactividade.

Espalhados pelo hall há computadores com internet e, ligando um deles, pus-me a visitar blogues conhecidos e desconhecidos. Corri pelo seu, procurando se lá haveria algo sobre a viagem trans-americana. Subi, desci, nada. Parei um instante na foto de Sylvia Kristel com o colar de pérolas.

A meia hora quase passada fui-me para a sala de espera onde havia apenas outra pessoa e, quando a encarei, V. calculará o choque: defronte de mim Sylvia Kristel lia o jornal. Não a jovem do seu blogue, mas a mulher serena de cinquenta e poucos anos, em cujo rosto se lê que o que perdeu em beleza ganhou-o em dignidade. Dela se sabe pelos jornais que sofre de cancro, que já lhe amputaram um seio e dentro em breve perderá o outro.

Num pensamento fugidio, quando os nossos olhares involuntariamente se cruzaram, imaginei que ela talvez gostasse de saber que, minutos antes, um estranho a tinha visto no blogue dum outro estranho. Mas seria ridículo dizer-lho. Chamaram-na. Ela levantou-se, fez-me com a cabeça um ligeiro aceno de despedida, e saiu.

No meu livro 'O Joalheiro' (1987) há um conto intitulado 'A Quinta do Mobutu' que começa assim:

'Naquele parte do Universo onde o Todo-Poderoso continua a manter escondidos os seus escritórios e arquivos, certamente se atarefam funcionários que, das nove às cinco, fazendo horas extraordinárias nas urgências, enredam, puxam, destrinçam e alisam o infinito número de linhas invisíveis que de maneiras diferentes, com espessuras variadas, ligam os humanos uns aos outros.

Sem essa crença ou outra semelhante, torna-se difícil compreender, e mais ainda explicar, que o Zé Manel, eu e o presidente Mobutu participemos numa mesma história.'

Assim também, durante o tempo de um relâmpago, Sylvia Kristel, você e eu encontrámo-nos enredados numa dessas linhas cuja existência não preocupa a ciência nem interessa à religião." JOSÉ RENTES DE CARVALHO

Lia Ferreira said...

Então e o Bond, Madox?

Unknown said...

Estou sem PC, de modo que o blog está de férias :)