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21.1.05

Melinda e Melinda



A última obra-prima de Woody Allen data de 1989. Desde aí, pode-se dizer que tem andado sempre a fazer o mesmo filme: uns a puxarem mais para o drama, outros para a comédia, uns mais inspirados, outros menos, mas o facto é que sempre com uma qualidade média muito, muito aceitável. Esperemos que Woody ainda realize muitos e bons filmes, mas 'Melinda e Melinda' funciona excelentemente como um resumo da sua obra, um somatório de todas as suas virtudes aqui reunidas de um modo particularmente feliz: excelentes actores e ainda melhores actrizes (Radha Mitchell, Chloe Sevigny), diálogos topo de gama, as dificuldades das relações entre casais (a rotina, a infidelidade, a falta de paixão) filmadas como só ele sabe, excelentes piadas, grandes momentos trágicos, uma banda sonora intocável, um ritmo perfeito. No mesmo filme mostra-nos que a vida pode ser uma merda (como descobre a Melinda do 'segmento tragédia') ou, não direi um conto de fadas, mas algo que vale a pena (como descobre a Melinda do 'segmento comédia'); que podemos acreditar nas pessoas e há sempre uma segunda oportunidade (como descobre a 'segunda' Melinda e Chloe Sevigny - no 'segmento tragédia', porque à custa da felicidade de Melinda) ou que não se pode contar com ninguém, nem com a melhor amiga, nem com o namorado (como descobre a 'primeira' Melinda). Talvez este filme não seja uma obra-prima, mas anda lá perto. E é o melhor filme de Woody Allen desde, pelo menos, 'As faces de Harry'.

1 comments:

Juom said...

Carmab, detesto não gostar de um filme do Woody Allen, mas este sinceramente passou-me mesmo ao lado. E o pior é que lhe reconheço todo o potêncial mas acho que ele já fez muito melhor. Enfim, como diria um adepto do Benfica: "para a próxima é que vai ser..."