'Os filmes-chave do cinema' reúne 200 filmes (entre 1895 e 1986) seleccionados por Claude Beylie, crítico cinematográfico francês. Na introdução o autor expõe as premissas do livro: não pretende ser um 'catálogo exaustivo '; foram seleccionados 'filmes-etapas que marcaram uma viragem', 'produções votadas por um vasto consenso 'e filmes que são 'expressão original, até mesmo subversiva do pensamento de um homem'; por fim, 'a limitação de um filme por cineasta, dois raramente, três no máximo'. Comecemos por esta última, que me parece ser a mais discutível. O autor justifica-se escrevendo que teria sido 'um absurdo privilegiar abusivamente os grandes em detrimento dos pequenos'. No entanto esta opção implica excluir um sem número de reconhecidas obras-primas. Vejamos: temos uma vintena de realizadores com 2 filmes seleccionados (de um modo geral os nomes são pacificos) e apenas 2, se não me falham as contas, com 3 filmes - Jean Renoir e Fritz Lang, escolha sem duvida muito pessoal e curiosa, pois se são dois dos maiores, talvez não fossem a escolha mais óbvia, principalmente o segundo. O problema são os outros, os que têm apenas um filme. Dois exemplos: apenas um Dreyer (A paixão de Joana D'Arc) e um Kazan (America America). Não é fácil justificar a exclusão, mesmo numa selecção de apenas 200 filmes, de 'Esplendor na relva' ou de 'Um eléctrico chamado desejo’, para não falar d´'A palavra'... Poder-se-á pensar: para entrar qualquer um destes teria que sair outro, e agora estar-se-ia a criticar a ausência desse. Bom, não é bem assim, especialmente quando notamos que cinquenta dos filmes descritos são...franceses! É difícil acreditar que um quarto dos filmes-chave do cinema sejam franceses, especialmente quando só temos um Bresson, um Truffaut e por aí fora...Posto isto, e não obstante alguma pobreza gráfica, este é um livro que se devora num ápice. É descrito um filme por página, tendo um resumo do argumento e uma análise da obra, quase sempre interessante e informada. Além disso temos alguns textos mais detalhados sobre alguns temas ('o nascimento da industria do filme' e o 'expressionismo alemão', por ex.), bem como algumas belas fotografias (a preto e branco) de cenas dos filmes.
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21.1.05
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'Os filmes-chave do cinema' reúne 200 filmes (entre 1895 e 1986) seleccionados por Claude Beylie, crítico cinematográfico francês. Na introdução o autor expõe as premissas do livro: não pretende ser um 'catálogo exaustivo '; foram seleccionados 'filmes-etapas que marcaram uma viragem', 'produções votadas por um vasto consenso 'e filmes que são 'expressão original, até mesmo subversiva do pensamento de um homem'; por fim, 'a limitação de um filme por cineasta, dois raramente, três no máximo'. Comecemos por esta última, que me parece ser a mais discutível. O autor justifica-se escrevendo que teria sido 'um absurdo privilegiar abusivamente os grandes em detrimento dos pequenos'. No entanto esta opção implica excluir um sem número de reconhecidas obras-primas. Vejamos: temos uma vintena de realizadores com 2 filmes seleccionados (de um modo geral os nomes são pacificos) e apenas 2, se não me falham as contas, com 3 filmes - Jean Renoir e Fritz Lang, escolha sem duvida muito pessoal e curiosa, pois se são dois dos maiores, talvez não fossem a escolha mais óbvia, principalmente o segundo. O problema são os outros, os que têm apenas um filme. Dois exemplos: apenas um Dreyer (A paixão de Joana D'Arc) e um Kazan (America America). Não é fácil justificar a exclusão, mesmo numa selecção de apenas 200 filmes, de 'Esplendor na relva' ou de 'Um eléctrico chamado desejo’, para não falar d´'A palavra'... Poder-se-á pensar: para entrar qualquer um destes teria que sair outro, e agora estar-se-ia a criticar a ausência desse. Bom, não é bem assim, especialmente quando notamos que cinquenta dos filmes descritos são...franceses! É difícil acreditar que um quarto dos filmes-chave do cinema sejam franceses, especialmente quando só temos um Bresson, um Truffaut e por aí fora...Posto isto, e não obstante alguma pobreza gráfica, este é um livro que se devora num ápice. É descrito um filme por página, tendo um resumo do argumento e uma análise da obra, quase sempre interessante e informada. Além disso temos alguns textos mais detalhados sobre alguns temas ('o nascimento da industria do filme' e o 'expressionismo alemão', por ex.), bem como algumas belas fotografias (a preto e branco) de cenas dos filmes.
4 comments:
Em vez das palavras elogiosas acerca deste blog, que são desnecessárias por tão óbvias que são, há uma pergunta que se impõe: deve este blog o seu nome ao livro de Niven Busch?
Mais concretamente ao filme homónimo de King Vidor, baseado no livro de Niven Busch. Apesar de andar com a ideia na cabeça há algum tempo, foi uma noite depois de ter visto este filme na TV, que me decidi a sentar ao computador e criar este blog...
Eu sublinho o que é dito no post, acrescentando que é um livro tão acessível que se torna o mais práctico que conheço para uma iniciação à história do cinema.
este site tornou-se o guia de cinema cá de casa.
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