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28.1.05

Nathalie



Catherine é uma ginecologista de meia-idade, que um dia descobre que o marido, Bernard, tem uns 'casos' ocasionais. Ele jura-lhe que a ama, que nunca lhe contou nada por ser tão banal, que ela o pode esquecer pois não tem qualquer importância. Mas Catherine não o consegue, e toma uma decisão algo insólita: contrata uma prostituta sofisticada para o seduzir. As suas intenções não são muito claras: tem esperança que o marido rejeite os avanços daquela, para assim ficar mais descansada, apesar de ele lhe ter confessado os seus affaires? Ao início talvez, mas depois de um ou dois encontros Nathalie - nome sugerido por Catherine à prostituta - lhe dizer que foram para a cama, Catherine quer saber todos os detalhes e continua-lhe a pagar para ela manter os encontros com o marido e lhe contar todos os pormenores. Para Nathalie, as coisas são claras: em vez dos habituais clientes homens, tem aqui uma cliente especial, uma mulher que se excita ao ouvir os relatos dos encontros sexuais do marido com a amante. Para o espectador, não é assim tão claro. Tanto Catherine como Bernard são seres fechados, que pouco falam, que pouco se deixam conhecer. As motivações de Catherine tanto podem ser as que Nathalie pensa, como poderão ser mais complexas. Um escape ao casamento rotineiro. Um pretexto para ela própria ter um caso. Uma vontade deliberada de se humilhar. Nunca temos a certeza sobre o que ela pensa ou sente. Mesmo o final do filme, um final surpreendente, diz-nos mais sobre Nathalie e Bernard do que sobre Catherine. Sobre ela não sabemos nada. Ou sabemos alguma coisa: sabemos que foi ela que escolheu o nome de Nathalie; que sugeriu a sedução ao marido; que encorajou a que todos os pormenores lhe fossem contados; que foi quem viveu mais intensamente aquele romance; que Nathalie, no fundo, é Catherine.

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