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18.3.05

Oldboy



Depois da ‘descoberta’ das cinematografias de Hong Kong e da China, chegou agora a vez da Europa se abismar com o cinema da Coreia do Sul. O ano passado estreou entre nós ‘Primavera, Verão, Outono, Inverno e… Primavera’ de Kim Ki-duk (realizador que já tinha passado pelo Fantasporto), este ano chega-nos ‘Oldboy’ de Park Chan-Wook. Este filme tem como cartão de visita o Grande Prémio do Júri de Cannes 2004, júri esse presidido por Quentin Tarantino. Começamos a visionar o filme e a primeira referência que nos vem à cabeça é... Tarantino. Não só pela violência (que inclui arrancar os dentes de uma personagem, um a um, com um martelo), como por todo o 'estilo' envolvente, pelo modo elaborado com que essa violência é encenada.
Mas vamos ao argumento: é a história de um homem que passa 15 anos preso num quarto sem fazer ideia porquê. Quando é libertado só pensa em descobrir quem lhe fez isso e o seu motivo. Pelo que já foi dito, vê-se que esta busca é violenta. Mas é também solitária, e temos longos planos da personagem apenas secundada pela música ou por uma voz off, elementos que nos remetem para os filmes de Wong Kar-Wai. A certa altura somos até levados a pensar que o filme não é muito mais do que uma mistura de elementos 'pilhados' de outros realizadores (e poder-se-iam citar outros além destes dois), mas eis que é desvendado o 'mistério' e o filme é relançado. Não só a solução é inesperada, algo bizarra, mas lógica e fascinante, como provoca uma cena assombrosa de auto-humilhação, de desespero, de angústia da personagem principal, de uma intensidade raramente vista. A concluir é-nos dado o 'happy end' mais estranho de há longo tempo. Ou seja, se as partes deste filme são facilmente referenciadas, o seu todo é um filme que não se parece com nenhum outro.

2 comments:

O Puto said...

Vi hoje o filme e achei brilhante! Um argumento originalíssimo e um óptimo uso da fotografia e da montagem. Há uma óbvia referência ocidental, mas os grandes filmes orientais conseguem ter alguma estanquicidade estilística em relação a essas mesmas influências.
A cena da pancadaria no corredor foi a melhor que já vi, e bate aos pontos as do Tarantino.

Maffa said...

Eu vi hj o filme finalmente, e adorei. Surpreendente! A cena que gostei mais foi a intensidade da rapariga a cair da ponte.
O mais díficil é decorar as caras dos orientais... é tao díficil, ás tantas quem era quem?! Principalmente quando entram os miúdos. Dahhh... :-)