Um critico do Daily Telegraph chamou a este filme o Taxi Driver iraniano. Está bem visto, mas para a imagem ficar completa temos que acrescentar umas pitadas do absurdo de Nova Iorque fora de Horas.
Hussein é um entregador de pizas, sendo o seu destino habitual os bairros ricos de Teerão. Durante estas deslocações, que efectua na sua motorizada noite fora, vai-se deparando com as mais diversas situações, desde ficar retido pela policia que está à espera da saída das participantes numa festa a decorrer no prédio onde ia fazer uma entrega, até ser convidado a partilhar a piza com o filho entediado de milionários emigrados nos EUA. Este contacto com um mundo que nunca alcançará, aliado às humilhações que sofre do dono de uma joalharia de luxo, vão aumentando o sentimento de frustração e revolta deste melancólico e narcotizado ex-combatente da guerra Irão-Iraque, levando-o à revolta. Jafar Panahi filma tudo isto no estilo lento e minucioso de Kiarostami (que assina o argumento), usando principalmente actores não profissionais como o fizeram Robert Bresson ou os neo-realistas, com quem não é descabido estabelecer comparações. Não será o filme mais original do ano, mas é dos mais bem filmados e a sua mistura de thriller, retrato social e fábula tem tudo para se tornar um clássico.
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