Há uns anos atrás caíram o Carmo e a Trindade cá na pátria por causa duma adaptação para a tela do 'Crime do Padre Amaro', por parte do mexicano Carlos Carrera. O filme, não obstante se passar no México e envolver umas histórias de narcotráfico, era bastante fiel, na essência, à obra-prima de Eça - além de que era um bom filme. Imagino o que não dirão agora esses defensores do 'puro' com esta adaptação muito, muito livre de Carlos Coelho da Silva...
O enredo é transferido de Leiria para um bairro dos subúrbios de Lisboa, tipo Zona J, onde vai parar o jovem Padre Amaro, sendo instalado pelo seu protector Cónego Dias em casa da devota Joaneira, de quem é amante. Não tardará muito até Amaro se envolver com a sua bela filha Amélia...As semelhanças com o romance de Eça ficam-se por aqui, afastando-se o argumento e caracterização das personagens (o Padre Amaro é um galã obcecado por sexo desde miúdo!) completamente do livro.
Diga-se desde já que este é um filme com inúmeros defeitos, começando na obsessão em mostrar o corpinho de Soraia Chaves (uma modelo, ao que sei, seguindo uma tradição inaugurada por Joaquim Leitão em 'Tentação'), e culminando num péssimo final rocambolesco. Apesar disso...confesso que segui o filme com curiosidade. Tendo sido realizado para a TV (vai ser transmitido na SIC em episódios), eu não o senti, sendo a câmara fluida e desenvolta, mostrando-nos bem o ambiente dum bairro deste género, dominado pela criminalidade ou pela indolência dos jovens, ao som do hip-hop de Sam The Kid . Temos ainda um conjunto impressionante de actores conhecidos da TV, desde Nicolau Breyner (o Cónego Dias) até Rui Unas (um cabeleireiro gay), passando por Diogo Morgado ou Ana Bustorff, que conseguem transmitir consistência às suas personagens. O resto é cinema mainstream, não se elevando muito além do género telefilme. Conseguiu prender o meu interesse, mas não ponho as mãos no fogo por ele...
O crime do Padre Amaro, Portugal, 2005. Realização: Carlos Coelho da Silva. Com: Jorge Corrula, Soraia Chaves, Nicolau Breyner, Glória Férias, Ana Bustorff, Nuno Melo, Margarida Miranda, Hugo Sequeira, Diogo Morgado, Rui Unas.
5 comments:
:)
Por acaso eu até acho que o filme devia ter outro nome, tão distante está do livro de Eça de Queirós.
eu acho que concordo inteiramente com o comentário do antonio.
Não consigo defender o filme racionalmente, tenho consciência dos seus inumeros defeitos, mas o facto é que o vi com interesse. Acontece...
é perfeitamente normal, até porque a relação do homem com qualquer tipo de arte é emocional, mesmo quando achamos que determinado objecto artístico nos estimula exclusivamente ao nível intelectual.
Devem tar é a gozar cmg, é certo k o filme é adaptado aos noxos tempos, ms n é axim tao distante do livro, a msm intençao tá lá e sinceramt axei o filme bastante interexante, tem uns cenários mt bem filmados...e em elenco fenomenal...Vcs kerem é Harry Potter..O K É NACIONAL É BOM!
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