Recent Posts

17.2.06

O Segredo de Brokeback Mountain



"Brokeback Mountain" é um filme politico no sentido em que 'Filadélfia' o era. Dito de outra maneira, é um sinal dos tempos, apesar de se passar entre os anos 60 e os 80 (em boa verdade a acção parece passar-se muito antes, pois como se sabe há várias Américas e este filme passa-se na profunda, não na Nova Iorque de Andy Warhol). Posto isto, pode-se dizer genuinamente que "Brokeback Mountain" é uma história de amor impossível, um melodrama, e não um 'filme gay'. Ang Lee pega no assunto com pinças, mostra o que tem a mostrar (sexo entre os dois protagonistas, por exemplo), mas quase tudo aqui é elíptico e subentendido. Estamos longe do universo de um Todd Haynes, por exemplo. Na minha opinião é até elíptico demais: temos dois homens que se amam, que se encontram de longe em longe e pronto. Sabemos que ao longo de vinte anos o amor não esmorece (por ser proibido?), sabemos que se vão tentando adaptar à vidinha, mas não os conhecemos suficientemente bem para sentir o seu drama. Os westerns (é discutível que estejamos perante um western, mas a comparação faz sentido) com os seus grande espaços sempre foram propícios à contemplação e ao laconismo, mas Ang Lee exagera e o filme arrasta-se muito. Eu sei que a ideia é mesmo mostrar a passagem do tempo (estranhamente os protagonistas não envelhecem! - exceptuando Jack deixar crescer um bigode 'gay'), mas por vezes cai-se no decorativo, no repetitivo, como se o realizador tivesse metido o cruise control. Não se escapa também a alguns estereótipos arreigados. Exemplo: mal um protagonista se senta num bar a afogar as mágoas numa caneca de cerveja, logo uma moçoila compreensiva se senta ao seu colo, pronta para lhe oferecer compreensão e o que mais ele quiser. Não era mau que a vida fosse assim!
Depois da semi-desilusão 'Match Point', a desilusão 'Brokeback Mountain'. O ano não está a começar bem...
Brokeback Mountain, E.U.A., 2005. Realização: Ang Lee. Com: Heath Ledger, Jake Gyllenhaal, Michelle Williams, Anne Hathaway, Randy Quaid.

12 comments:

Maffa said...

Eu como ia com zero de expectativas porque já tinha ouvido mal e esperava qq coisa como um filme gay c paisagens bonitas. Surpreendi-me e fiquei envolvida pela história e pelas personagens, e nao achei nada chato.

Nuno Cargaleiro said...

err... a minha opinião é completamente contrária...

podes vê-la aqui:

http://movietvaddicted.blogspot.com/2006/02/crtica-brokeback-mountain.html

Esplendor said...

Absolutamente de acordo.

evva

Unknown said...

Eu este ano ando desfasado...os filmes que têm gerado mais unanimidade têm-me passado um pouco ao lado...

Ademar de Queiroz (Demas) said...

Harry, é certo que os protagonistas envelhecem "bem" demais, hehehehe. Não acho o filme arrastado de jeito nenhum, o tempo todo novas situações e conflitos são apresentados. Ainda não vi "Match Point", mas você é a única pessoa que sei que ficou decepcionada. Devo assisti-lo hoje ainda, daí te falo. Abração.

Hugo said...

A análise toca no ponto central: Brokeback mountain é um melodrama sobre um amor impossível. Sucede é que os protagonistas são homossexuais.

Nada mais. Sucede ainda que a interpolação do enredo com os planos belíssimos é fantástica. Filme completamente oscarizável. Belo, sentimental e poético, se bem que pouco audaz. Depois de tanta celeuma à volta do amor gay, pensei que iria ver algo bem mais ousado.

Bem pelo contrário.

Unknown said...

Também penso que vai levar para casa uma mão cheia de Oscares. Apesar de tudo Hollywood anda a arriscar um pouco mais ultimamente.

David Santos said...

2 grandes interpretações
uma realização sólida
excelente fotografia
um argumento sobre um tema polémico, e talvez o mais fraco do filme, pois esgota-se rapidamente

Ademar de Queiroz (Demas) said...

Harry, vi "Match Point" ontem. Achei um Allen bem mediano. Abraço.

atomo! said...

Pelo que me foi contado (e aqui existe um factor de imprecisão já que não vi o filme), parece que o Ang Lee quis mostrar num western aquilo que quase sempre está no background de muitos filmes que se inserem no género, mas que nunca é mostrado: relações masculinas 'ambíguas' e os 'sentimentos das paisagens' que acabam por influênciar os protagonistas.

Claro está que Lee não é um Leone, e acredito que Brokeback Mountain não seja realmente um western... mas pelo que me foi mostrado fiquei com a ideia que este seria o filme mais relevante de Lee desde Ride with the Devil ... que por acaso é um western :)

Spaceboy said...

Não concordo em nada, acho este filme surpreendente. As interpretações dos dois cowboys são de uma intensidade que são um autêntico soco no estômago, a fotografia é belíssima e todo o filme em si conta uma história que nos faz pensar na vida. Adorei.

Unknown said...

O FILME É SIMPLISMENTE SENSACIONAL. DE FORMA LEVE ELE FAZ UMA RETRATAÇÃO DE UM CASO DE AMOR, QUE EM OUTRAS CIRCUNSTANCIAS PODERIA DAR ANSIA DE VOMITO. MAS QUE DA FORMA QUE FOI CONTADA, DEMONSTRANDO QUE ENTRE PESSOAS EXISTE O AMOR INDEPENDENTE DE SEXO, ESTE FILME TORNOU-SE CAPAZ DE ENVOLVER E APAIXONAR QUEM O ASSISTE. SEMPRE NOS DEIXANDO COM GOSTO DE QUERO MAIS.
QUANTO AOS QUE CRITICAM O FILME É PORQUE SÃO AINDA MUITO IMBECIS, E NÃO CONSEGUEM ADMITIR QUE TAMBEM GOSTARAM!
AFINAL DE CONTAS: "O AMOR É UMA FORÇA DA NATUREZA!"