Syriana é um triller politico sobre a promiscuidade entre os interesses das corporations e os de governos mais ou menos corruptos, sejam eles de países do terceiro mundo ou o governo Americano, itself. O filme é estruturado em 'mosaico', como agora se usa dizer, ou o seu realizador e argumentista não fosse Stephen Gaghan, o argumentista de Traffic (filme que lhe deu o Óscar de melhor argumento adaptado, para o qual foi novamente nomeado com Syriana). Naturalmente, um filme político sobre negócios sujos, hoje em dia só pode girar à volta de um tema: o petróleo, pois claro. A fusão de duas petrolíferas é o mote que desencadeia toda a teia de acontecimentos, e vamos seguindo várias personagens, que têm esse centro gravitacional em comum: um veterano agente da CIA; um discreto mas implacável advogado que investiga comportamentos ilegais das grandes companhias (não necessariamente para as incriminar - tudo aqui é uma questão de interesses); um especialista em assuntos energéticos que se torna consultor de um jovem Emir Árabe que quer alterar as regras no seu país, fugindo à orbita Americana; dois jovens árabes desempregados que acabam nas malhas do terrorismo islâmico; etc.
Como já foi visto, o tema não podia estar mais na ordem do dia. Quanto ao resto, diga-se que a realização é competente, o argumento intrincado e vagamente confuso como convém, e não há nada fora do sítio, mas também nada de muito exaltante ou original. As duas horas do filme passam-se bem, mas depois dificilmente voltaremos a pensar nele (o que não é muito abonatório para um filme 'de mensagem'). Aliás, só não terá passado mais despercebido devido ao envolvimento de George Clooney no projecto (Matt Damon também é um dos actores do filme, só faltando Alec Baldwin para completar o naipe de liberais de Hollywood implacavelmente satirizado em Team America!). Clooney, além de produtor (tal como Steven Soderbergh), compõe também a personagem mais marcante do filme, um agente da CIA desiludido, gordíssimo e com uma espessa barba descuidada, nos antípodas da sua imagem de galã. Esta personagem deu-lhe a nomeação para melhor actor secundário, proporcionando assim muito maior visibilidade ao filme, nitidamente um projecto onde se empenhou pessoalmente e que o confirma cada vez mais como uma estrela com 'consciência politica', assim uma espécie de sucessor de Warren Beatty.
Syriana, E.U.A., 2005. Realização: Stephen Gaghan. Com: George Clooney, Matt Damon, Jeffrey Wright, Chris Cooper, Mazhar Munir, Alexander Siddig, Christopher Plummer, Amanda Peet, William Hurt, Tim Blake Nelson.
1 comments:
Gostei muito do filme. E não acho que ele seja daqueles que se apaga da memória no dia seguinte não. Dentre as histórias paralelas, a do garoto desempregado que se torna um fanático religioso é muito interessante. Abração.
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