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12.7.06

A comédia do poder



É impossível ouvirmos as palavras 'política externa francesa' sem as associarmos a negócios obscuros entre multinacionais francesas ligadas ao estado, e ditadores corruptos Africanos. Escândalos como o da Elf e outros, lembram-nos que antes dos States entrarem neste campo, há muito que as velhas colónias europeias, com a França à cabeça, davam cartas... Chabrol, crítico repetente dos pequenos pecados da burguesia rural, vira agora a sua lente ampliadora para a capital e para os políticos e financeiros de topo. Para isso utiliza o seu método habitual de impregnar uma radiografia implacável dos podres da sociedade com fortes tons de ironia e mordacidade, usando agora como arma uma juiz inclemente e com espirito justiceiro (Isabelle Huppert) que resolve atacar pelos cornos um esquema a la Elf. Huppert compõe a sua personagem de um modo perfeito- é fria, irritante, obcecada, cínica, mas ainda assim possuindo humor e humanidade (esta última manifestando-se através do seu sobrinho, Félix/Thomas Chabrol, personagem secundária muito bem engendrada). Aliás, num toque de humor certeiro, a sua personalidade é resumida no seu nome - Jeanne Charmant-Killman! Quanto ao realizador, podemos dizer que aos 76 anos está no topo da sua forma. A única coisa de que poderá ser acusado é de não surpreender ou inovar, porque de resto poucos realizadores filmam tão bem como ele e ainda menos contam tão bem uma história. Mais uma vez teremos que contar com ele quando fizermos o balanço dos melhores do ano...
L`Ivresse du Pouvoir, França/Alemanha, 2005. Realização: Claude Chabrol. Com: Isabelle Huppert, François Berléand, Patrick Bruel, Robin Renucci, Maryline Canto, Thomas Chabrol.

2 comments:

Hugo said...

Só é pena a tradução do título não ser grande espingarda... Quanto ao Chabrol, dá para ver que continua em forma :-)

redonda said...

Não consegui ver o filme inteiro, mas gostei muito da parte a que assisti e a Huppert está fantástica no papel.