Apesar de o 'fantástico' se confundir com a origem do cinema ('A viagem à lua' de Méliès é de 1902), tem sido um parente pobre na grande família da sétima arte. Poucos realizadores que se movam habitualmente nestes terrenos ganham prestigio crítico. Mesmo Shyamalan, quando passou do sobrenatural para o fantástico puro (no sentido de fábula, digamos assim) em 'A senhora da água', dividiu a crítica como nunca. Uma excepção que me ocorre é Tim Burton.
Assim sendo, Gillhermo del Toro teve desde logo o mérito de agitar as águas do género, conseguindo um hype com este 'O Labrinto do fauno', tendo inclusive chegado aos Oscares. O que se pode dizer é que este reconhecimento é merecido: 'O Labirinto do fauno' é de facto um belo filme sobre uma menina a quem o encontro com um fauno permite que se liberte das garras opressoras do seu padrastro, um sinistro capitão franquista. Del Toro consegue o mais difícil que é vencer o nosso cinismo perante 'contos de fadas', criando um ambiente simultaneamente tenebroso e fantasioso, estando as impecáveis virtudes técnicas e cenográficas sempre ao serviço da história, nunca servindo para exibicionismos fúteis.
Não digo que seja uma obra-prima, mas é certamente uma lufada de ar fresco, um regresso sincero mas não ingénuo a um certo modo sonhador de contar histórias.
El Laberinto del Fauno, México/Espanha/Estados Unidos, 2006. Realização: Guillermo del Toro. Com: Ariadna Gil, Ivana Baquero, Sergi López, Maribel Verdu, Doug Jones, Alex Angulo.
3 comments:
Fico satisfeito por o senhor finalmente ter gostado de um filme!
E que tal interromper essa longa licença sabática e voltar a botar faladura aqui no tasco?
Sim, mas peca por ser um bocado previsível este Labirinto. Acho eu.
É um filme encantador, afastando-se um pouco dos cânones do fantástico. Gostei particularmente do paralelismo entre a realidade e a ficção.
Post a Comment