É sabido que Samuel Fuller foi tudo menos um realizador consensual. O tema central da sua obra - o patriotismo, para resumirmos numa só palavra - aliado ao facto de realizar principalmente filmes de géneros associados à violência - westerns, filmes de gangsters e de guerra - levaram a que fosse apelidado de fascista para cima. Como aconteceu em tantos outros casos, foram os homens da Nouvelle Vague que procuraram reabilitar o seu nome.
Godard convidou-o para aparecer em 'Pierrot le fou' (como havia convidado Lang para aparecer em 'Le mépris') e Truffaut escreveu que revia os seus filmes para ter lições de realização.
'Underworld USA' (que tanto quanto sei, por cá se chamou 'Marcados para a morte'), de 1961, é uma excelente introdução à sua obra. É um filme de gangsters, mais especificamente do subgénero sobre os sindicatos, em que um pequeno ladrão destrói os mais poderosos criminosos da altura, movido apenas pelo desejo de vingar o seu pai (que como intuímos, nem era flor que se cheirasse). Como sintetizou Colin McArthur, 'neste filme Fuller maneja a iconografia do género com grande facilidade; no entanto, não é menos pessoal que outros dos seus trabalhos'. Uma prova apenas: como tantas vezes acontece na sua obra, o 'herói' é um marginal, que faz o trabalho sujo para defender a América limpa. Fuller pertenceu a uma estirpe de realizadores, entretanto desaparecida, que poderíamos classificar como funcionários - autores: homens que trabalhando com pequenos orçamentos, em géneros considerados menores, nunca prescindiram da sua marca autoral, imprimindo sempre a sua visão do mundo e construindo uma obra de uma coerência inatacável. Um feito notável.
2 comments:
o meu blog fez 2 anos!!!!!! :) obrigado pela tua atençao, e por o teres linkado.
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