Devido às diatribes da distribuição portuguesa, quase que perdi este filme, que foi lançado às feras no final de 2006 (28 de Dezembro, segundo o Cinema 2000), e passou fugazmente pelo Porto já em Maio. Uma vez mais, foram os 'Filmes de culto' que me salvaram. E seria um crime perde-lo: 'As tartarugas também voam' é um pequeno milagre.
É um olhar sobre um campo de refugiados na fronteira iraquiana, visto através de 'Parabólica', o negociante faz-tudo lá do sítio (é assim uma espécie de versão simpática e adolescente do Sefton de 'Stalag 17'), que comanda um exército de miúdos que apanham minas, a moeda de troca para tudo: parabólicas (para ouvir as noticias da guerra nos canais estrangeiros), armas, máscaras de protecção, até um colar para oferecer quando se apaixona. 'As tartarugas também voam' tem momentos terríveis, mas em momento algum dispensa o sentido de humor (uma lição que Bahman Ghobadi poderá ter aprendido com Billy Wilder), nem perde de vista um humanismo bravo e simples, que nos faz lembrar os melhores momentos do neo-realismo italiano. Não há aqui santos (embora o fantástico miúdo sem braços que tem premonições se aproxime bastante), mas sim pessoas muito, muito humanas, desde 'Parabólica' à impressionante miúda por quem se apaixona.
O filme é de 2005 e, como já disse, estreou cá em 2006, mas é desde já o meu filme de 2007.
Lakposhtha hâm parvaz mikonand /Turtles Can Fly, Irão/Iraque/França, 2005. Realização: Bahman Ghobadi. Com: Soran Ebrahim, Hirsh Feyssal, Avaz Latif, Saddam Hossein Feysal, Abdol Rahman Karim.
3 comments:
"A" palavra deve ser mesmo humanidade...
também vi o filme com bastante delay. é um soco no estômago, mas está cheio de beleza. vale bem a pena
Este filme é muito bom. Os putos estão por demais. Por incrível que pareça, vi-o primeiro que tu, aqui em Vila Real. :p
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