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10.8.07

The Host — A Criatura



Nem sei por onde começar para falar deste 'The Host', a minha única incursão até agora no Fantasporto deste ano (*). Talvez o melhor seja tentar resumir o seu argumento: anos após terem sido despejados num rio uma série de produtos químicos de uma base Americana na Coreia, aparece nesse mesmo rio um ser mutante, uma espécie de peixe gigante mas anfíbio, que caça seres humanos e os leva para um esgoto. Os familiares de uma míuda apanhada pelo bicho resolvem tentar resgatá-la, após descobrirem que ela está viva (consegue fazer uma chamada de telemóvel do esgoto).
Diga-se desde já que é uma família sui generis: o pai é meio atrasado, o tio é um 'licenciado desempregado' e a tia é uma atiradora de arco e flecha, que perdeu a medalha de ouro nos jogos olímpicos (ficou-se pela de bronze) porque demorou muito tempo no último lançamento e foi desclassificada (sim, eu sei que parece uma personagem de Wes Anderson); o chefe de família é o avô, que tem uma roulotte que vende lulas (assim uma espécie de equivalente aos nossos cachorros).
Acrescente-se que além de ser um filme fantástico (com excelentes efeitos especiais, diga-se - a criatura é um prodígio de animação), 'The host' é também uma comédia, com cenas entre o idiota-idiota e o idiota com piada. Tem mesmo uma antológica, em que o avô faz uma defesa comovida do filho retardado ('não comeu proteínas suficientes em miúdo'), e diz emocionado que consegue saber os seus estados de espírito através das suas flatulências. Um momento ao nível da célebre história de 'Pulp Fiction', do relógio escondido anos naquele sítio...
Last but not the least, o filme é ainda - ou pretende ser - uma sátira a uma série de coisas, começando na televisão e acabando - adivinhem! - nos Estados Unidos. Foram os Americanos que contaminaram o rio e são eles que estão a tomar conta (mal) dos acontecimentos, acabando por lançar uma arma biológica contra o monstro, numa cena com reminiscências do cogumelo atómico de Hiroshima.
Mas diga-se em abono da verdade, que não obstante estas metáforas algo pesadas, a maior parte do tempo o filme não é mais do que aquilo que parece ser: uma espécie de Godzilla apatetado.
Que esta bizarrice tenha sido um colossal sucesso de bilheteira na Coreia (país onde os filmes nacionais têm grande peso), não me surpreende grandemente. Já que tenha entrado no top ten dos melhores filmes de 2006 dos Cahiers du Cinéma (**), isso aí já dá bastante que cismar...

(*) Post originalmente publicado no dia 25/02/07.
(**) Entretanto também entrou no top ten dos melhores filmes do 1º semestre da Liga dos Blogues Cinematográficos...
Gwoemul /The Host, Coreia do Sul, 2006. Realização: Joon-ho Bong. Com: Kang-ho Song, Hie-bong Byeon, Hae-il Park, Du-na Bae, Ah-sung Ko.

4 comments:

Unknown said...
This comment has been removed by the author.
Unknown said...

A Criatura, título legal em português de Portugal...

Unknown said...

Curiosamente eu referi-me ao bicharoco como 'criatura' antes de saber o titulo por cá. Mas 0 Hospedeiro, como foi chamado no português do Brasil, é bem mais adequado :)

Colombo-o-Novo said...

CRISTÓVÃO COLOMBO ERA PORTUGUÊS..

--- Os meus parabéns aos autores do livro O MISTÈRIO COLOMBO REVELADO. Gostei muito pelo que pude aprender e pelo prazer que a sua leitura me deu.
Impressionou-me a percepção do enorme trabalho que está por detrás desta obra: é de facto o trabalho de uma vida, produto certamente de uma dedicação de louvar de um grande português .....

--- Mistério Colombo Revelado" é um autêntico "eye-opener", não só para nós Portugueses, como para muitas outras pessoas, inclusivé os chamados Historiadores de outros países, línguas e culturas. Julgo já ter havido uma publicado em Inglês e faço votos para que, num próximo futuro, venha a ser publicado também nas outras principais línguas mundias, i.e. Francês, Espanhol, Italiano e Alemão. Claro que se fosse possível também haver uma publicação numa das línguas nórdicas, seria óptimo.....

--- Acabei recentemente de ler o seu trabalho "O Mistério Colombo Revelado", e é com grande satisfação que me orgulho de saber que existem portugueses com enorme dimensão, como é o caso do historiador Manuel da Silva Rosa. Não está tanto em causa as origens de Colon, mas é necessário tornarmos vivos estes exemplos que engrandecem a memória nacional e provocar a historiografia reinante para que trate convenientemente os grandes protagonistas da história de Portugal. Está na hora de revelar Portugal ao mundo, e como dizia Fernando Pessoa, "falta cumprir Portugal", o mundo precisa de nós, como o foi ao longo dos séculos XIV e XV.

http://www.colombo.bz