Nunca li nenhum dos thrillers de Robert Ludlum e não imagino muito bem como sejam. É que os filmes da 'série Bourne', especialmente este ultimo (o melhor), são puramente cinematográficos. Apenas o conceito do 'agente especial amnésico à procura da sua identidade' (numa era em que é possível saber-se quase tudo em tempo real) é aproveitado como mote: o resto é acção pura. 'The Bourne Ultimatum' é isso: três longas sequências de acção, maioritariamente envolvendo perseguições, brilhantemente executadas e melhor montadas. Algumas cenas, muito especialmente a inicial, passada na estação de Waterloo, fizeram-me lembrar Hitchcock. Exactamente, Hitchcock. E não se pense que eu cito o mestre levianamente. A gratuitidade de muitas destas cenas, o à vontade com que Paul Greengrass ignora as mais elementares regras de verosimilhança, fazendo Bourne sobreviver a tudo e mais alguma coisa, deve algo ao mestre, penso eu.
Se há aqui algo mais para além disso, não sei bem. Nem sei se tem de haver. Durante muito tempo também não se via nada de especial em Hitch 'para além' da acção ou do suspense. Parecendo que não têm nada a ver um com o outro, voltamos um bocado à mesma conversa de 'Death Proof'. Mas simplifiquemos: 'The Bourne Ultimatum' é um grande filme de acção. E quem quiser, tire as últimas duas palavras.
The Bourne Ultimatum, E.U.A., 2007. Realização: Paul Greengrass. Com: Matt Damon, Julia Stiles, David Strathairn, Joan Allen, Scott Glenn, Paddy Considine, Edgar Ramirez, Albert Finney.
3 comments:
Nunca havia pensado nessa relação com Hitchcock... e você tem razão. Achei o filme um excelente trabalho de acção!
Abraços!
A cena da estação é simplesmente memorável. Chega-se ao fim e consegue-se finalmente respirar!
Aliás, eu acho que o filme deve ter é 2 ou 3 momentos para respirar, tudo o resto é pura acção!
cheguei a pensar que fosse só eu a ter gostado de algo tão improvavelmente bom. descanso agora. :)
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