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7.10.08

Yella



‘Yella’ é a nona longa-metragem (e a última de uma chamada ‘Trilogia dos Fantasmas’) de Christian Petzold - nome de proa da chamada Nova Escola de Berlim - e tem recebido vários prémios, onde avulta o Urso de Prata para melhor actriz (Nina Hoss) na última Berlinale.

A primeira sensação que atinge um perfeito desconhecedor da obra de Petzold como eu, é a estranheza deste ‘Yella’.
Yella é a protagonista do filme (a estupenda Nina Hoss), que vagueia por ele como um fantasma: tanto é extremamente passiva (nomeadamente perante a agressividade do seu ex-marido), como revela dotes surpreendentes, rapidamente dominando os tortuosos meandros dos negócios de alto risco onde é introduzida por um desconhecido. Às tantas já toma mesmo iniciativas surpreendentes.
Mas sempre com um ar ausente, com uma frieza distante (que encontra ressonância na magnífica e gélida fotografia de Hans Fromm) e denotando aqui e ali sinais inquietantes (e o leitor que há tempos se queixou dos meus spoilers pode ficar por aqui). E são estes sinais (um copo de água quebrado; uma surdez momentânea) que vão intrigando o espectador. Será que há algo de estranho no meio deste desenrolar algo enfadonho de reuniões de negócios, de análises de balanços, de percentagens de risco?

O final mais do que aberto do filme dá azo a todas as interpretações possíveis, e o realizador deita a sua acha na fogueira nomeando como forças inspiradoras deste filme um documentário sobre capital de risco (‘Nicht ohne risiko’ de Harun Farocki) e o clássico de terror ‘Carnival of Souls’ de Herk Harvey...

Resumindo e simplificando – e não obstante os elogios já referidos – eu diria que os pressupostos são mais interessantes que o resultado final. A crítica ao ‘capitalismo’, que se fica mais por um retrato de pessoas individualistas, solitárias, alienadas, resulta algo frágil e monótona e o lado fantástico, chamemos-lhe assim, acaba por ser demasiado rarefeito e inconsequente.

Quase que parece estarmos perante uma curta-metragem: há um argumento interessante, filmado de uma forma concisa e imaculada, mas ficamos com a sensação de que tudo é algo superficial, nunca chegando as personagens e as situações a ganhar consistência.

Yella, Alemanha, 2007. Realização: Christian Petzold. Com: Nina Hoss, Devid Striesow.

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