Recent Posts

20.1.09

O estranho caso de Benjamin Button


Pitt dos 80 aos 8: um prodígio do digital, mas com a técnica sempre ao serviço da narrativa.

Não é fácil filmar a vida de um homem, várias décadas, sem cair na superficialidade ou no acumular de episódios dispersos. E havendo uma característica especial nesse homem – neste caso nasceu velho e vai rejuvenescendo – a tentação de a ilustrar excessivamente aumenta o risco da coisa.

E esse é o primeiro triunfo de Fincher: a continuidade do filme é admirável, conseguindo entrar dentro da sua principal personagem, o curioso e ponderado Benjamin Button, sem descurar as outras (não só a bela Blanchett, observe-se também Tilda Swinton, por exemplo), focando-se em episódios da sua vida sem perder nunca de vista o seu principal objectivo (o encontro de Benjamin com a sua amada), não esquecendo a sua especificidade (andar ao contrário no tempo), mas não deixando que esta atrapalhe o plano geral.

Sem dúvida que o sólido argumento de Eric Roth, baseado na short story de Scott Fitzgerald, sobre o tempo e os seus efeitos, sobre a impossibilidade do amor entre duas pessoas que não podem envelhecer juntas, pincelando em fundo o século XX Americano, contribui bastante para o êxito da obra, mas o quinhão principal tem que ser atribuído a David Fincher, que movendo-se dentro das coordenadas clássicas sabe inserir aspectos insólitos (os episódios do homem atingido por raios) ou ‘modernaços’ (o episódio do acidente de Blanchett) sem perder nunca o rumo, conseguindo conjugar o seu habitual olhar analítico e rigoroso, esteticamente impecável, com um lado afectuoso e, na parte final, mesmo tocante (ou o mais perto que se pode chegar disso numa obra com um espectro tão alargado).

Depois de ‘Zodíaco’ e deste ‘Benjamin Button’ já não pode haver dúvidas: o ‘jovem prodígio’ tornou-se um grande cineasta.

The Curious Case of Benjamin Button, E.U.A., 2008. Realização: David Fincher. Com: Brad Pitt, Cate Blanchett, Julia Ormond, Elias Koteas, Elle Fanning, Tilda Swinton, Taraji P. Henson .

3 comments:

André Moura e Cunha said...

Aplausos.
Como disse, e suponho que também o referiu o concludente e hiperbólico Peter Travers, não se trata apenas de um dos filmes do ano, mas um dos melhores filmes dos últimos anos.
Abraço
André

Unknown said...

Um filmaço. Começa bem o ano.

Abraço.

Unknown said...

Vai limpar os Óscares, à frente do filme do Danny Boyle.