Esta primeira parte do díptico que Steven Soderbergh realizou baseado nas memórias do mítico Che Guevara é, não direi apologética, mas demasiadamente respeitadora do mito.
Che é um intelectual brilhante, um guerreiro corajoso e determinado, um médico generoso, um camarada cheio de boas intenções, que quer levar a revolução não só a Cuba mas a toda a América Latina, que não quer o povo escravizado nem perante os Estados Unidos nem perante a União Soviética. É certo que ordena uns fuzilamentos aqui e ali, mas só contra desertores que violam e abusam do povo. Quando às tantas Che fala à jovem Aleida (uma das raríssimas mulheres que se destaca num mundo de guerreiros barbudos) da sua mulher e filha que estão no México, até nos surpreendemos ao pensar que aquele herói melancólico tem família e vida privada.
Não obstante os esforços de Benicio del Toro (impecável), jamais conseguimos penetrar no homem por trás do mito.
Mais interessante, parece-me, é o retrato apenas esboçado, que vai surgindo em fundo, de Fidel, o líder incontestado, respeitado mas temido, que não hesita em despromover o já famoso Che (a quem os populares pedem autógrafos) quando este falha uma operação. Em três ou quatro cenas ficamos a conhecer melhor a sua personalidade (ou a visão que dela tem Soderbergh) do que nas inúmeras cenas passadas nos montes ficamos a conhecer Che para lá do que é a sua imagem pública.
De resto SoderbergH não sabe filmar mal e o naipe de actores é muito bom, mas este monocromatismo do retrato, aliado a uma interminável profusão de cenas repetitivas, retratando o dia a dia da guerrilha pelos montes, tornam esta primeira parte do filme algo maçadora. Embora não o suficiente para me retirar a vontade de ver a segunda, que estreará daqui a duas semanas.
Mais interessante, parece-me, é o retrato apenas esboçado, que vai surgindo em fundo, de Fidel, o líder incontestado, respeitado mas temido, que não hesita em despromover o já famoso Che (a quem os populares pedem autógrafos) quando este falha uma operação. Em três ou quatro cenas ficamos a conhecer melhor a sua personalidade (ou a visão que dela tem Soderbergh) do que nas inúmeras cenas passadas nos montes ficamos a conhecer Che para lá do que é a sua imagem pública.
De resto SoderbergH não sabe filmar mal e o naipe de actores é muito bom, mas este monocromatismo do retrato, aliado a uma interminável profusão de cenas repetitivas, retratando o dia a dia da guerrilha pelos montes, tornam esta primeira parte do filme algo maçadora. Embora não o suficiente para me retirar a vontade de ver a segunda, que estreará daqui a duas semanas.
Che: Part One, E.U.A./França/Espanha, 2008. Realização: Steven Soderbergh. Com: Benicio Del Toro, Julia Ormond, Rodrigo Santoro, Demián Bichir, Ramon Fernandez, Yul Vazquez.
2 comments:
Por acaso era para começar a ver ontem a segunda parte, mas depois perdi a vontade.
Eu estou esperançado que a Catalina Sandino Moreno tenha uma maior participação na 2ª parte ;)
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