Fernando Lopes é o autor de um dos grandes filmes do cinema português: 'Belarmino'. Além disso, é uma personalidade que vale muito a pena conhecer: natural da Várzea, fugiu ao destino de lavrador, como nos diz, de trabalhar com a terra, para trabalhar com sons e imagens. Além de cineasta foi também director do 'Cinéfilo' - importante revista de cinema que hoje talvez poucos conheçam - e era uma 'personagem' lisboeta, de uma altura de muitas personagens lisboetas; é, ainda, um excelente conversador, com uma bela voz, calorosa, algo tímida, simpática. Dar-nos então a conhecer melhor Fernando Lopes torna este documentário precioso.
Porque de resto me parece que o realizador João Lopes - conhecido e estimável critico de cinema - falha um pouco o tiro. Tenta fugir ao previsível - o habitual documentário que segue cronologicamente a obra do autor através de imagens e comentários de amigos/colaboradores - centrando-se (e bem) nas palavras do realizador. Mas, na tentativa de evitar o óbvio, cai no extremo oposto e o filme é algo confuso, disperso, aleatório. Quem não conhecer a obra de Fernando Lopes também não é por aqui que a ficará a conhecer. Uma pessoa deixa-se levar agradavelmente pelas palavras do realizador, mas falta um enquadramento a essas palavras. E a realização também não ajuda, não evitando cair numa série de lugares comuns e por vezes tendo mesmo um aspecto estranhamente amador (o som, por exemplo, é francamente mau).
Nos extras do dvd há que salientar um magnífico depoimento de Baptista Bastos sobre o seu amigo Fernando Lopes, sobre Belarmino e sobre a Lisboa da época. Dá-nos, precisamente, o tal enquadramento que falta ao filme.
Fernando Lopes, Provavelmente, Portugal, 2008. Realização: João Lopes. Documentário.
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