Depois do excelente ‘Rapace’, “Canção de amor e saúde ” foi para mim uma grande desilusão. Esta curta tem semelhanças com a anterior – João Nicolau é um realizador, para não dizer que é um auteur : dá-nos o retrato de uma geração (glup!) através de uma mera personagem; mantém um tom joãocesarmonteiriano e original ao mesmo tempo; e saca da cartola planos fantásticos (a sequência dos créditos iniciais é uma ideia magnifica).
Mas perde a concisão do filme anterior e entra em devaneios escusados e que para mim não fizeram qualquer sentido. Dá a ideia que tinha filme para 10 minutos e resolveu esticá-lo para meia hora, enchendo o tempo com sequências por vezes bonitas mas que esquecem o excelente inicio. Ou, se calhar, o que lhe interessava era filmar essas sequências surreais, os raccords pouco usuais, os planos estranhos, e arranjou uma história à sua volta. Seja como for, nunca me pareceu bater a bota com a perdigota, diluindo-se muita da originalidade que lhe reconheci em ‘Rapace’.
‘Rapace’ parecia um filme da maturidade, ‘Canção de amor e saúde’ parece um filme dum puto talentoso a armar ao pingarelho.
(já publicado noutro lado aquando das Curtas de Vila do Conde)
Canção de amor e saúde, Portugal/França, 2009. Realização: João Nicolau. Com: Norberto Lobo, Marta Sena, Ana Francisca, Helena Carneiro, Andreia Bertini, Miguel Gomes.
2 comments:
devaneios escusados? como assim? isso é coisa que se diga sem argumentos? filme dum puto talentoso a armar ao pingarelho? como assim? isso é coisa que se diga sem argumentos? se ao menos pudéssemos ler uma descrição, mas não, é só opinar.
Se quem escreve mal não gosta, deve ser um bom filme.
Caro Manuel,
Nada como ir ver o filme e formar a sua própria opinião.
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