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29.6.12

Woody Allen - Top 10

Há mais de 4 décadas que praticamente todos os anos estreia um filme de Woody Allen em sala, o que é garantidamente caso único. Em todos eles podemos encontrar alguns dos melhores diálogos de Hollywood -  e algumas das melhores piadas.
Enquanto esperamos pela colheita de 2012 (To Rome With Love),  cá vai o meu top 10, por ordem crescente:

10.
Annie Hall
(1977)
Ponto de viragem na carreira de Allen, após uma primeira fase de comédias puras e duras, este romance entre o neurótico comediante Alvyn Singer (adivinhem representado por quem) e a excêntrica Annie Hall (Diane Keaton), com muitos tons autobiográficos, dá o mote para o que viria ser a obra de Allen que hoje conhecemos.

9.
Vicky Cristina Barcelona
(2008)
Na minha opinião o último grande filme de Allen (até à data!): uma dupla de fazer suspirar, Scarlett Johansson e Rebecca Hall  e, uma vez mais, uma combinação imbatível de leveza e gravidade. Allen destila charme e faz-nos rir com um filme em que ninguém é verdadeiramente feliz e que não acaba bem para uma única personagem.

8.
Balas sobre a Broadway
Bullets over Broadway (1994)

Uma bela meditação sobre o talento artístico (há quem nasça um génio e há quem não nasça. Ponto final.), a partir duma daquelas ideias que só podiam sair da cabeça de Allen: o gorila que vigia a bimba candidata a actriz, amante-do-chefe-da-máfia-que-paga-a-peça, é infinitamente mais talentoso que o pretensioso dramaturgo e encenador que se acha um artista incompreendido (John Cusack, em grande).

7.
O agente da Broadway
Broadway Danny Rose (1984)
Danny Rose (Woody Allen) é o agente que faz tudo pelos seus artistas, do sapateador perneta ao cantor de charme italiano alcoólico, mas que é abandonado por estes mal têm algum sucesso. Danny é uma das grandes criações de Allen, que obviamente trata este looser com grande admiração e carinho, dando-lhe o merecido final feliz que a sua azarada sina ao longo do filme (um dos mais tristes de Allen, embora cheio de humor) não previa.

6.
Zelig
(1983)
Não podia faltar aqui este famoso falso documentário sobre o homem-camaleão Leonard Zelig, que se transforma de acordo com o meio que o rodeia. Um prodigio técnico e de imaginação.

5.
Maridos e mulheres
Husbands and Wives (1992)
As voltas e reviravoltas matrimoniais de dois casais amigos. Gabe (Woody Allen) tenta-se por uma aluna sobredotada (Juliette Lewis) e Jack (Sydney Polack) fica obcecado pela sua professora de aérobica. Judy, mulher de Gabe (Mia Farrow) apaixona-se por um colega (Liam Neeson) e apenas a exigente e intelectualmente brilhante Sally, mulher de Jack (magnífica Judy Davies), descobre que é mulher de um só homem.
É um filme mais sisudo que a maioria dos aqui citados (não obstante a jeitosa mas tonta professora de aeróbica ser massacrada por Allen), mas é dos mais brilhantes e eu diria mesmo 'allennianos' na análise das relações humanas. Tem ainda uma estrutura muito original - Allen é tão bom argumentista que por vezes até nos esquecemos de quão grande realizador também é.

4.
Match Point
(2005)
O único Allen consensual dos anos '00 é quase um remake de 'Crimes e escapadelas', agora ambientado numa Inglaterra dos muito ricos, que nos fascina tanto quanto a habitual Manhattan dos intelectuais endinheirados. Scarlett Johansson faz de Angelica Huston, a amante que se torna caprichosa, e Jonathan Rhys Myers de Martin Landau, o homem que vê a sua vida priviligiada em risco.

3.
Ana e as suas irmãs
Hannah and her Sisters (1986)
Um dos filmes de Allen com mais sucesso, é também dos mais optimistas - dificilmente me lembro de outro com final feliz para todas as personagens. Mais uma vez o elenco é soberbo: Michael Caine, Mia Farrow, Barbara Hershey, Dianne Wiest, Maureen O'Sullivan, Max Von Sydow. O próprio Allen tem um papel mais secundário que o habitual, mas protagoniza uma daquelas cenas que se tornaram sua marca registada: é quando a sua personagem, num momento mais negro, desiste de se suicidar após um filme dos irmãos Marx lhe trazer de novo a alegria de viver.

2.
Crimes e escapadelas
Crimes and Misdmeanours (1989)
'Crime sem castigo' poderia ser o título desta obra-prima. Não há justiça e a vida corre bem a quem não tem escrúpulos, é o que descobre o eminente cirurgião Dr.Judah Rosenthal (Martin Landau), após se desenvencilhar da sua inoportuna amante.
Allen transmite-nos uma mais que negra visão da vida, combinando gravidade com a elegância, sofisticação e humor habituais.

1.
Manhattan
(1979)
Ele anda pelos quarenta, é hiper-racional, inseguro, não sabe o que quer da vida - é Woody Allen em suma. Ela tem 16, é calma, querida, e sabe que o ama.
Sempre achei este tributo a Nova Iorque (belamente filmada a preto e branco por Gordon Willis) o mais terno dos filmes de Allen, talvez inspirado pelo belo e franco rosto de Mariel Hemingway, que não esqueci desde que pela primeira vez o vi e que nunca mais vi assim.

17 comments:

betânia liberato said...

oh, mas falta o Another Woman com a fantastica Gena Rowlands

Unknown said...

Foi precisamente o filme que mais me custou deixar de fora. Eu inicialmente fiz um top 15, e o Another Woman que até esteve muito tempo no top 10 acabou em 11º e acabou por sair, já tinha escrito um texto e tudo, a destacar a grande Gena Rowlands.

André Moura e Cunha said...

Caramba! É tão difícil teres feito este exercício (claro que há os claramente insatisfatórios, por exemplo, só para ir ao dos últimos anos: Scoop, You will Meet a Tall... ou Cassandra's...) Não sabia como compatibilizar a tua lista com dois pelos quais tenho uma paixão assolapada (isto de ter tirar 2...):
- Every Thing You Always Wanted to Know About Sex...
- Everyone Says I Love You
Numa coisa estou em sintonia absoluta contigo:
O soberbo, melancólico-neurasténico, esplendoroso-gershwiniano: Manhattan.
Um abraço,
André

Ricardo Gross said...

O CRIMES E ESCAPADELAS faria parte do Top 10 de qualquer realizador. Ou mesmo de um Top 10 dos realizadores todos. Houve um tipo que recentemente elaborou para a Vanity Fair uma lista de preferências com todos os filmes do Woody Allen. Adivinha qual vinha em primeiro lugar?

André Moura e Cunha said...

Pois, é curiosa a semelhança com Top10 by HM, mas há aquela pequena troca...
Como todas as listas, essa de Bruce Handy na VF encerra vários crimes allenescos e que não são pequenos delitos, alguns merecem a pena capital. Colocar o Whatever works no último lugar (41.º), quando aquela coisa mal colada do You Will Meet a Tall Dark Stranger e o maior palco de livre exercício de cabotinagem de WA Cassandra's Dream figuram nos 17.º e 25.º lugares, respectivamente. Acima dos meus 2 (OK, a velha questão do gosto pessoal), que me continuam a levar às lágrimas torrenciais de felicidade de cinéfilo, nas 27.ª e 29.ª posições...

Unknown said...

Estou com fraco acesso à net, não consigo ver essa lista da VFair.
Eu gosto mesmo é dos filmes passados em NY com intelectuais desafogados financeiramente mas cheios de problemas existenciais e matrimoniais, e penso que o mesmo acontece com muitos fãs dele. O 'Crimes e escapadelas' foi o meu WA durante muito tempo, cheguei a pô-lo num top 10 de filmes da minha vida que fiz há uns anos, mas ultimamente o Manhattan ´tomou esse lugar.
O 'Everyone...' estava em 12º no meu top 15...

Unknown said...

Consegui ver agora o top do tipo da Vanity Fair (estou de férias e com dificil acesso à net). Bastante parecido com o meu, não acredito que houvesse muito mais gente a pôr o Vicky Cristina Barcelona num top do WA! Mas põe o Midnight in Paris em 12º e eu pô-lo-ia bem mais lá para baixo...

Miguel said...

Eu não gosto especialmente do Woody Allen, mas um top 10 sem "Stardust Memories" ?...

Unknown said...

É um filme que eu acho muito bom, mas também acho que lhe falta alguma da 'leveza' dos melhores filmes de Allen. Acho que é quando combina leveza e gravidade que Allen consegue os seus melhores filmes - ou os que eu prefiro.

André Moura e Cunha said...

Acho que acertaste em cheio, HM. Por exemplo, o Interiors (com o estrondoso papel interpretado pela grande Geraldine Page, carregado de pathos) é um filme inolvidável, mas profundamente angustiante e... pesado, como se Bergman o houvesse inspirado. Aliás, se bem me lembro, é o único filme de Allen (e atenção que não vi todos - segundo a lista daquele tipo da Vanity Fair e recorrendo ao IMDB, deixando de fora a "colagem" do Tiger Lily, eu não vi 11 dos 41, incluindo o To Rome..., que por razões óbvias ainda não vi) sem banda sonora nos créditos iniciais e finais. Apenas o silêncio...

Unknown said...

O Interiors só tem uma cena com música, a do casamento, que não por acaso desemboca em tragédia.. E não tem uma única piada! Como dizes, acho que tem mais de Bergman que de Allen, mas também é verdade que mais ninguém conseguiu emular assim o Bergman. É outro que estava no meu top 15.

Ricardo Gross said...

Um amigo acabado de chegar de S. Paulo, onde entre outras coisas que fez viu o "To Rome With Love", classifica-o com 2 estrelas e meia, e a metade acrescentada vai por conta do amor ao conjunto da obra do Woody Allen. Não deve ser melhor que isso...

Unknown said...

De qualquer modo esperemos que estreie por cá!

Roberto Queiroz said...

Eu jamais conseguiria fazer um Top 10 do Woody sem A Rosa Púrpura do Cairo. Para mim, é algo sagrado porque marcou a minha infância.

Unknown said...

Como eu disse acima, eu gosto mesmo é dos filmes passados em NY com intelectuais & etc., daí a 'Rosa...' não encaixar muito nas minhas preferências.
Mas claro que é um dos filmes mais icónicos de W.A. e com muitos fãs. Uma questão de gosto, apenas.

Ricardo Gross said...

Vamos crescendo e as nossas vidas cada vez se parecem mais com certos filmes do Woody Allen: os de nova-iorque, é claro. Too much brain. :)

Unknown said...

Numa escala mais pequenina, talvez :)