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4.3.05

Fantasporto (II)



karen Black, actriz principal de Firecracker, subiu ao palco antes da exibição do filme.
A senhora que tem 10 anos em cada ruga disfarçada com botox, fez dezenas de papéis em filmes de série B e ficou conhecida pela participação em Easy Rider e Nashville. Parece que também ganhou dois globos de ouro e foi nomeada para os Óscares.
Foi o grande momento da noite. Comportou-se como uma verdadeira diva decadente, daquelas que tomam dois valiuns com vodka ao pequeno-almoço.
Convidou os fotógrafos a deslocarem-se para o outro lado do palco para lhe apanharem o melhor lado e cantou depois de bater com a cabeça no microfone.
O filme deixa uma forte impressão... negativa. É uma mistura oxidada de Twin Peaks com Freaks com Fargo.
Numa comunidade fortemente religiosa e supersticiosa (sinónimos?) do interior dos estados unidos, dois irmãos procuram a redenção e a libertação da mãe, nos braços de uma cantora de um espectáculo itinerante, aonde habitam as tais figuras do filme de Tod Browning. A mãe e a cantora são interpretadas por Karen Black, numa óbvia alusão ao complexo de Édipo. Acontece um crime. Entra a sheriff da cidade saída do filme dos irmão Cohen (máscula, integra e provavelmente republicana). O realizador alterna entre o preto-e-branco nas cenas de tensão familiar e religiosa, e a cor saturada para as cenas de Freak Show. O truque barato acentua o enjoo.
Mike Patton tem também dois papéis no filme. Não é um grande actor. Devia-se limitar a usar a voz poderosa de crooner em anúncios de lixívia.

Uma palavra para a organização do Fantas: A impressão que fica nos últimos anos é que tem vergonha do festival que faz.
Queria ter um festival com filmes “sérios”, mas como não pode competir com Cannes ou Berlim, nem com o festival independente de Sundance, transformou o Fantas num produto híbrido. Continuam a aparecer os filmes gore, de terror ou de ficção científica que justificaram o festival, mas aparecem também estes filmes medianos (ou mesmo maus) com pretensões arty. Também começou a privilegiar as antestreias, como se trouxesse algum valor acrescentado a um festival como o Fantas exibir um filme duas semanas antes de entrar no circuito comercial.

A palavra final vai para o público do Fantas. É sem dúvida um público em permanente êxtase. Faz lembrar os concertos em que o público está em delírio antes do primeiro acorde da banda. No Fantas o público fica louco por poder bater palmas num cinema, usar uma credencial ao pescoço, e assistir a um filme, mesmo que muito mau, num festival com alguma projecção internacional

1 comments:

O Puto said...

Bem vindo, Allen Douglas! Esperemos que continues a libertar essa tua imaginação e eloquência neste blog e, quiçá, noutros.