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8.3.05

Mar Adentro



Este filme é quase perfeito do ponto de vista formal. O problema é que não se trata de um filme de ‘suspense’, em que normalmente as explicações são escassas e a acção se sobrepõe ao conteúdo. Alejandro Amenábar não deixa respirar as relações, evita o confronto, tem pânico de causar algum desconforto, e prefere o vídeo-clip de 30 segundos com banda sonora a condizer para passar a mensagem mais rapidamente.

E simplifica. Muito. Dum lado a Espanha inculta rural e católica, do outro, os cultos, liberais e urbanos. Dum lado as pessoas a quem Ramon Sampedro dá uma justificação maior às suas pequenas vidas, do outro as que o querem ajudar a cumprir a sua vontade.
Dum lado as pessoas que podem amar do outro Ramon.

Somos demasiado dirigidos, e quando termina e deixamos de sentir a mão do realizador, o feitiço vai embora. Ficam várias interpretações femininas magníficas. Fica o retrato ainda que esboçado de uma família rural galega com que certamente muitos portugueses encontrarão pontos de identificação, a começar pela Língua. Fica o humor de Ramon.

Fica Julia (Belén Rueda), no seu primeiro papel em cinema.

4 comments:

gonn1000 said...

Fica um grande filme :)

O Puto said...

A Belén Rueda não aparece num anúncio do El Corte Ingles?

Anonymous said...

Allen Douglas, divergimos bastante em relação a esse filme de Alejandro Amenábar. Gosto muito de "Mar adentro" e fiquei encantado com a atuação de todo o elenco, mas Mabel Rivera (a cunhada) me ganhou. Escrevi sobre ele no meu blog. Caso tenha um tempinho para conhecê-lo, está feito o convite. Um abração

O Puto said...

Um belo filme, comovente e não pretensioso. Mais um bom exemplo do bom cinema espanhol, intrinsecamente cómico e triste, mas não necessariamente trágico.